Homem que matou auxiliar de enfermagem a facadas em Missão Velha é condenado a 28 anos de prisão

Vítima era prima da farmacêutica bioquímica Maria da Penha Fernandes, que inspirou a lei nº 11.340

Acusado de matar a ex-esposa com 15 facadas em Missão Velha, Gleydson Alves Antão foi condenado a 28 anos de prisão, inicialmente em regime fechado, sem direito de recorrer em liberdade. O julgamento no fórum do município da região do Cariri, que ocorreu nesta sexta-feira (10), durou 12 horas. 

A decisão o considerou culpado por feminicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima.

Quando chegou ao tribunal, Gleydson foi recebido com fortes vaias de populares que protestavam do lado de fora da sessão. "Assassino na prisão, violência não. Justiça", gritava o coro.

O feminicídio foi cometido em 2023. Identificada como Maria Tereza Xavier Maia, a auxiliar de enfermagem tinha 35 anos quando foi assassinada, e era prima de Maria da Penha Fernandes — cearense inspiradora da lei nº 11.340, que criou mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher. 

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Em comunicado, divulgado no início deste mês, a parente da vítima detalha que a expectativa da família é que a justiça seja feita e o suspeito condenado pelo caso. 

O grande desejo da família, da sociedade de Missão Velha e de todo o Ceará é que este agressor seja punido pelo bárbaro crime cometido. [...] Esperamos que a justiça seja feita! Esperamos que chegue ao fim a morte de mulheres na região do Cariri e no meu estado Ceará. Esperamos que o agressor pague pelo que fez! Esperamos dias melhores e mais seguros para as nossas mulheres."
Maria da Penha
Prima da vítima

Gleydson Alves Antão foi preso em flagrante após desferir cerca de 15 facadas contra a antiga companheira, Maria Tereza Xavier Maia, na casa onde ela morava, em 25 de abril do ano passado. A profissional de saúde deixou três filhos, com idades entre 6 e 17 anos. 

Não posso deixar de me emocionar ao ouvir a frase do filho mais velho de Maria Tereza: 'Eu poderia ter perdido qualquer coisa, só não queria te perder, minha mãe'."
Maria da Penha
Prima da vítima
 

Após o feminicídio, o acusado tentou tirar própria vida, mas foi encaminhado para uma unidade de saúde e se recuperou dos ferimentos. Ao ser preso, ele confessou o crime, mas alegou que tentou se defender.

Quase três meses após o caso, ele foi denunciado pelo Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE). 

"À época, o homem foi preso em flagrante após matar a vítima com golpes de faca e atentar contra a própria vida. A denúncia foi oferecida pela promotora de Justiça Raphaela Dutra Lopes", disse o órgão na ocasião. 

Segundo a denúncia da Promotoria de Justiça de Missão Velha da época, Gleydson agiu de forma "consciente, no contexto de violência doméstica e familiar, por motivo torpe, com meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima". 

RELEMBRE O CASO 

No dia do crime, o denunciado fingiu que ia à casa da ex para entregar ovos de páscoa para a filha dela. No entanto, ao chegar no local golpeou a mulher repetidas vezes.

A mãe da vítima foi quem encontrou o corpo da filha e Gleydson caído após atentar contra a própria vida.

O crime começou a se desenhar em 3 de novembro de 2022, quando o homem xingou e agrediu a Maria Tereza quando eles ainda estavam juntos. Ela registrou um boletim de ocorrência e, meses depois, terminou o casamento de cerca de quatro anos, porém Gleydson não aceitou a separação. Eles não tiveram filhos juntos.