Em um ano, a Polícia Federal prendeu no Ceará 11 suspeitos de cometerem crimes sexuais contra crianças e adolescentes. Todos os casos se tornaram de competência federal porque ficou comprovada a 'transnacionalidade do crime', incluindo produção e reprodução de pornografia infantojuvenil veiculada na 'deep web'.
Conforme dados obtidos pela reportagem do Diário do Nordeste, a Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos realizou no Ceará, de junho de 2022 a junho de 2023, 26 operações para combater a exploração sexual. As buscas resultaram em 60 mandados de busca e apreensão. Das 11 prisões, oito são relacionadas a abuso sexual.
O delegado federal chefe da Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos, Victor Mesquita, afirma que não há um perfil de suspeito delimitado, mas a maior parte dos presos é de homens e em 90% dos casos os crimes acontecem dentro do contexto familiar.
"É exceção quando o crime parte de alguém estranho à vítima. A gente não pode achar que o abusador tem uma cara. Não temos relatos no Ceará que quando esses crimes partem para a deep web exista uma venda de pornografia. Essas pessoas divulgam o conteúdo por participarem de uma comunidade com outras pessoas que têm o mesmo interesse".
PRISÃO NO BAIRRO SIQUEIRA
Nessa terça-feira (4), a Polícia Federal cumpriu um mandado de prisão preventiva contra um homem residente no bairro Siqueira, em Fortaleza, suspeito de cometer crimes de estupro de vulnerável, produção, armazenamento e divulgação de material pornográfico envolvendo duas crianças de menos de 10 anos.
As autoridades chegaram ao investigado a partir de denúncias, recebidas pela organização não governamental norte-americana National Center for Missing and Exploited Children (NCMEC), de que estaria ocorrendo confecção, depósito e compartilhamento de conteúdo pornográfico infanto juvenil em plataformas virtuais internacionais.
A partir das acusações, a PF identificou indícios de que muitas das imagens produzidas e divulgadas eram de fato cenas de estupro de vulnerável cometidas pelo investigado.
"Hoje, tivemos a certeza que de fato ele [suspeito] é o real autor de tudo que apuramos. Identificamos, pelo menos, duas vítimas."
O preso pode responder pelos crimes de abuso infantil, confecção, armazenamento e compartilhamento de material pornográfico com menores. Se condenado pelos delitos, pode ter penas somadas de até 33 anos de prisão, sem prejuízo da descoberta de outros delitos mais graves praticados, a partir da análise do material digital apreendido, conforme a PF.