Chefe de facção criminosa acusado de encomendar morte de dentro do presídio no CE vai a julgamento

O outro réu pelo crime, que seria o executor, já foi condenado a 18 anos de prisão

Apontado como fundador e chefe de uma facção criminosa de origem cearense, Auricélio de Sousa Freitas, o 'Celim da Babilônia', deve ir a julgamento por um homicídio, na Justiça Estadual, em fevereiro deste ano. O crime teria sido encomendado por ele de dentro do presídio.

A 3ª Vara do Júri de Fortaleza marcou o julgamento de 'Celim da Babilônia' para o dia 28 de fevereiro próximo, às 9h. O juiz determinou ainda que o júri popular "se dê na forma semipresencial, devendo o réu participar do ato por meio de videoconferência na unidade penal onde se encontra custodiado, garantindo o direito de entrevista prévia e reservada do réu com seu defensor".

Para isso, o magistrado considerou que o réu integra uma organização criminosa e é classificado pela Secretaria da Administração Penitenciária do Ceará (SAP) como "preso de nível de segurança alta". Ele está custodiado em um presídio cearense.

'Celim' seria julgado no dia 26 de maio de 2021, primeira data marcada para o julgamento, mas a defesa do réu ingressou com um Recurso em Sentido Estrito contra a Sentença de Pronúncia da Justiça. O recurso foi julgado e negado, e outra data marcada.

O outro réu no processo, Leonardo de Sousa Nascimento, foi julgado e condenado a 18 anos e 10 meses de prisão, em júri popular realizado em 18 de agosto de 2021.

Crime encomendado de dentro de presídio

De acordo com o Ministério Público do Ceará (MPCE), no dia 17 de julho de 2015, por volta das 14h30, Leonardo Nascimento desferiu três disparos de arma de fogo contra Paulo Anderson da Silva, conhecido como 'Batata', no bairro Passaré, em Fortaleza.

A vítima havia saído de casa na companhia dos amigos, quando Leonardo se aproximou dele pedindo sua moto emprestada. 'Batata' negou o empréstimo, e Leonardo sacou a arma.

A vítima ainda tentou correr, mas tropeçou nos chinelos que usava e caiu no chão. Testemunhas disseram às autoridades ter ouvido 'Fly' dizer que aquela morte aconteceu a mando de 'Celinho'. A denúncia foi recebido no Judiciário em novembro de 2019.

Quando interrogados, os acusados apresentaram versões diferentes sobre o fato. Leonardodisse que Paulo era perigoso e que vinha o ameaçando. Na versão do executor do homicídio, ele atirou para se defender, antes que fosse atingido: "ninguém me mandou matar ele não, ele que veio para me matar".

Já conforme o depoimento de 'Celinho', em 2015 ele estava preso e não tem nenhuma relação com o caso. "Conheço o 'Fly' só de vista, morava no mesmo bairro que eu, mas não tenho ligação com ele, nenhum tipo de intimidade. O 'Batata' morava no mesmo local que eu, também não tive nenhuma ligação com ele. Não soube disso, porque eu tava preso", disse o acusado.

Chefe de uma facção criminosa

Auricélio de Sousa Freitas é nome bastante conhecido pelas autoridades do Estado do Ceará. Além de fundador de uma facção, ele é acusado de ordenar expulsões de famílias na Babilônia e participar da Chacina das Cajazeiras. Os assassinatos em série aconteceram em janeiro de 2018. 14 pessoas morreram no ataque.

'Celinho da Babilônia' foi preso em julho de 2018, no bairro Dionísio Torres, na Capital. Ele estava em um veículo de luxo e blindado. O réu chegou a ser mantido em presídio federal de segurança máxima. Mas, em 2020, Auricélio e demais membros de facções retornaram ao Ceará.