A Justiça de São Paulo suspendeu um contrato entre Gaby Cardozo, uma cantora gospel de 17 anos, radicada no Ceará, e uma agência musical, após ela denunciar sofrer abusos psicológicos e xenofobia no local de trabalho, em São Bernardo do Campo (SP). O talento da artista foi descoberto em um reality show de música gospel, de um programa de televisão aberta. A jovem estaria sem poder realizar shows e com sua carreira pausada.
A 9ª Vara Cível, do Foro de São Bernardo do Campo, recebeu o pedido do advogado Jorge Umbelino, que representa a cantora, e determinou "a antecipação dos efeitos da tutela para suspender o contrato celebrado entre as partes", no último dia 13 de março.
Com isso, o juiz definiu que a empresa Way Entertainment "se abstenha de realizar agendamento de shows, gravações e quaisquer outros eventos para a autora, sob pena de caracterizar crime de desobediência, e imposição de multa no valor de R$ 1.000,00 para cada agendamento indevido".
Empresa diz que denúncias são 'infundadas'
Procurada, a defesa do empreendimento musical informou que as denúncias são "completamente infundadas" e que a artista está em busca de "se escusar das suas responsabilidades contratuais".
"A busca pela tentativa de rescisão partiu da própria artista e da família! De maneira extrajudicial foram tentadas várias formas de transação, contudo todas as propostas de composição foram recusadas pela família da artista. A empresa sempre se manteve aberta para o diálogo, e foram feitos vários investimentos na carreira da artista, a qual importante ressaltar, nunca obteve receitas, apenas despesas", diz nota da defesa.
Segundo o advogado Maurício Vieira, Gaby "alega, sem provas" que está impedida de fazer eventos, "mas continua realizando de forma particular".
Trajetória e sucesso na televisão
Gaby Cardozo tem apenas 17 anos. Filha de pai cearense e mãe carioca, a menina nasceu no Rio de Janeiro, mas com pouco tempo de nascida se mudou para a cidade de Chaval, no Interior do Ceará, onde cresceu e começou a cantar em uma igreja evangélica, aos 7 anos.
Em entrevista ao Diário do Nordeste, o advogado Jorge Umbelino Silva contou que, logo após o sucesso no programa de televisão, Gaby foi contactada pela empresa, "que, em conversa, propôs o agenciamento de sua carreira, definindo participações razoáveis. Assinaram um contrato escrito. Neste contrato, devido serem os seus pais e ela, pessoas leigas no assunto contratual, foram inseridas cláusulas desfavoráveis a ela".
Segundo Umbelino, as cláusulas "se materializaram com a exploração de sua imagem de forma indevida, inclusive para anunciar joias de outra empresa que não fazia parte do contrato, tudo de forma gratuita. E ainda a submeteram a exaustivo trabalho de gravação e shows, quase sem retorno financeiro. Tudo isso ocasionou uma estafa que acabou levando a transtornos psicológicos, com a necessidade de acompanhamento por profissional".
No pedido judicial, o advogado Jorge Umbelino narra ainda que, além do abuso financeiro, "o tratamento pessoal do dono da empresa e seus representantes para com a autora e seus pais passou a ser também exagerada e assustadoramente desonroso, sendo a autora tratada com xenofobia, por conta de seu sotaque nordestino, o que de pronto passou a causar transtornos, de modo que a requerente veio a sofrer transtornos psicológicos sérios".