A auxiliar de professora Fladilane Pereira Lopes agora é ré no Judiciário cearense. O Diário do Nordeste apurou que o Ministério Público do Ceará (MPCE) ofereceu denúncia contra a mulher acusada por crimes sexuais contra crianças de três anos, em uma creche no bairro da Aldeota, em Fortaleza.
Nessa quarta-feira (10), a Justiça aceitou a denúncia do MP e mandou citar a acusada para que a defesa dela se posicione no processo. Há ainda a informação de que não houve por parte do órgão acusatório representação pela prisão da mulher.
O Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) e o MPCE foram procurados pela reportagem. Em nota, o TJ disse "os autos desta ação penal tramitam em segredo de Justiça e, por esse motivo, mais informações não podem ser repassadas". Já o Ministério Público não se posicionou até a edição desta matéria.
A defesa de Fladilene não foi localizada pela reportagem
Em nota pública, a creche disse que: "A história de narrativas semelhantes nos alerta para cautela e prudência, antes de realizar qualquer julgamento ou achincalhe público de quem quer que seja. (...) As investigações correm sob segredo de justiça a fim de preservar as imagens das crianças, as quais devem ser o principal objeto de proteção. (...) Aguardamos ansiosos s esclarecimentos dos fatos para com convicção trazermos a público o que está em apuração e investigação, a bem da verdade".
INVESTIGAÇÃO DO CASO
Os casos de abuso sexual em que Fladilane aparece como acusada foram denunciados à Polícia Civil do Ceará (PCCE) no fim do último mês de maio. Os Boletins de Ocorrência (B.Os.) indicam que, pelo menos, sete crianças de 3 anos, cada, teriam sido vítimas de abusos por parte da auxiliar da professora.
O caso foi divulgado em primeira mão pelo Diário do Nordeste. Ainda no mês de junho, a diretora e proprietária do estabelecimento foi ouvida na delegacia e confirmou ter demitido a suspeita.
Dentre as vítimas há duas crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Uma delas tem condição não-verbal e ao ouvir o nome da 'tia do colégio' já teria associado à mulher ao ato de tirar a fralda e pegar nas partes íntimas.
Outra criança da mesma sala chegou a passar por exame de corpo de delito, que deu positivo para 'ato libidinoso'. A reportagem entrou em contato com mães de três vítimas, que confirmaram as denúncias dos abusos e pedem "apuração rigorosa" acerca das ocorrências.
"De madrugada meu filho chorou de dor. Eu achei que a fralda tava cheia, mas não era. Vi que a pintinha dele estava machucada. Então eu comuniquei na escola que talvez não conseguisse levar ele, que ele talvez não tivesse conseguindo fazer xixi e que a gente já tava procurando médico. Na segunda-feira, quando ele foi ao urologista, o médico perguntou quem dava banho e disse que tinha forçado um pouquinho. Passaram os dias e eu soube de uma colega que tinha tirado a filha do colégio de repente. Ela contou que a menina foi abusada. Então eu fui conversar com o meu filho e ele me contou tudo" (sic)
DEPOIMENTOS
A mãe de outro menino que consta nos boletins enquanto vítima disse: "meu filho contou que ela brincava de casinha com ele. Quando perguntei como era a brincadeira, ele pegou no pintinho".
A proprietária e diretora da escola prestou depoimento na Dceca e disse que ao saber das denúncias decidiu "desligar a auxiliar". Ela disse à Polícia que de 2009 a 2014 esta mesma mulher já foi funcionária da creche e que nunca havia recebido reclamações dela.
A diretora falou às autoridades que após os relatos 18 alunos foram desmatriculados da instituição e que ela não tinha anteriormente informado os órgãos de proteção sobre os supostos abusos, porque uma mãe pediu sigilo.