Supostas ameaças do inspetor da Polícia Civil que matou quatro colegas em Camocim, no Litoral Norte do Ceará, não foram informadas às chefias do delegado regional da área, de acordo com o secretário da Segurança Pública e Defesa Social do Estado, Samuel Elânio, em entrevista ao Sistema Verdes Mares nesta segunda-feira (15).
O delegado regional de Camocim, Adriano Vasconcelos, chegou a declarar à imprensa que andava de colete há vários dias após receber ameaças veladas do suspeito dos crimes. Segundo ele, o assassino tinha atitudes problemáticas.
Apesar da tensão, os problemas de relacionamento entre o chefe e o subordinado não chegaram ao conhecimento das instâncias superiores da Segurança Pública cearense.
“Essas informações não chegaram pra gente, nem pro delegado geral nem pro secretário de segurança pública. Mas tudo está sendo apurado pra gente entender a motivação e como foram as circunstâncias dos crimes”, declarou Samuel Elânio.
Conforme o gestor, Márcio Gutiérrez, delegado geral da Polícia Civil do Ceará (PC-CE), também desconhecia os atritos.
A Controladoria Geral de Disciplina do Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) também informou, por nota, que "não chegou ao conhecimento deste Órgão qualquer denúncia a respeito das informações apresentadas pelo delegado regional de Camocim (CE). No entanto, a CGD já determinou diligências para apurar os fatos narrados".
O secretário não quis dar mais detalhes sobre o caso para evitar comprometer as investigações. No entanto, reforçou que nenhuma motivação justifica as quatro mortes.
Sobre o suspeito, Elânio disse esperar “que permaneça muito tempo preso e afastado da sociedade para que não venha a repetir qualquer absurdo como foi até agora”.
Saúde mental
Neste primeiro momento, o secretário informou que a SSPDS dará suporte às famílias das vítimas por meio da Assessoria de Assistência Biopsicossocial (Abips).
Além disso, ele reconhece que a saúde mental dos profissionais de segurança deve ser melhor discutida, e que a situação em Camocim será tratada como “estudo de caso”.
“A saúde mental da sociedade hoje é diferente da de antigamente, muita coisa mudou. Vamos trazer pessoal para acompanhar os policiais que trabalham na delegacia e os familiares. Vai ser um estudo de caso para que a gente consiga cada vez mais ter uma atenção diferenciada. Mas esse não é um problema só da polícia, mas da sociedade”, percebe.
Suspeito preso
Na manhã desta segunda-feira, o policial civil que matou os colegas dentro da delegacia teve a prisão preventiva decretada. A decisão ocorreu após audiência de custódia realizada em Sobral
A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) vai determinar para onde o inspetor será encaminhado. Após os assassinatos, ele fugiu em uma viatura, mas depois se entregou.