'Advogado e cachorro, para mim, é a mesma coisa'; PM é investigado após ameaçar advogada no Lagamar

A CGD decidiu instaurar sindicância administrativa para apurar a conduta do agente suspeito de abuso de autoridade e ameaça

Um soldado da Polícia Militar do Ceará (PMCE) é investigado pelos supostos crimes de abuso de autoridade e ameaça. O praça teria ofendido uma advogada durante abordagem realizada no Lagamar, em Fortaleza. Conforme relatos da vítima, o PM teria proferido ameaças quando soube que a mulher era advogada.

De acordo com publicação da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD), a mulher estava em uma residência de um familiar, quando passou uma viatura e o policial olhou para ela: "A declarante dá uma boa noite aos policiais, tendo a viatura parado e o policial (de nome preservado) aos gritos, mandou que ela se identificasse, tendo ela respondido que era advogada".

O PM ainda questionou quem era o cliente dela. Quando a mulher respondeu, o soldado teria dito que: “advogada e cachorro pra mim é a mesma coisa e não tenho medo da Corregedoria”.

Foi quando um outro policial da mesma composição teria se aproximado do ouvido da vítima e ainda falado: “que depois de morta não pode fazer nada”.

Os policiais e advogada foram até o 2º Distrito Policial. Ambos prestaram boletins de ocorrência.

Ainda segundo a CGD, há suspeita do soldado ter fotografado a carteira da OAB, o veículo e a carteira de habilitação da declarante. Em posse das fotos, o agente teria retornado ao Lagamar e passado a ameaçar as testemunhas da ocorrência.

CONDUTA INADEQUADA

A Controladoria destaca que a conduta atribuída ao militar não se enquadra nas disposições da Lei Estadual. Para a CGD, "tais atitudes, em tese, ferem os valores fundamentais determinantes da moral militar estadual", como: disciplina, lealdade, honra e a dignidade humana. 

Contra o suspeito foi instaurada sindicância administrativa para apurar as condutas a ele atribuídas. A reportagem ainda apurou que o mesmo agente já respondeu por lesão grave e outra ocorrência envolvendo abuso de autoridade. Ambas foram arquivadas.

A lesão é do ano de 2020. O policial teria localizado um suspeito de assalto, no bairro Dionísio Torres. Durante a perseguição, o assaltante teria disparado contra a composição, "que diante da injusta agressão também efetuaram disparos, vindo a alvejar o infrator".

O homem baleado foi socorrido. Com ele, foi apreendida uma arma de fogo calibre 22 e diversas munições. O juiz da Auditoria Militar do Estado do Ceará decidiu que a ação dos PMs foi para defesa e ordenou arquivar o inquérito.