O segundo semestre letivo de 2021 na rede municipal de ensino começa marcado por indefinição quanto à implantação de um modelo híbrido com aulas presenciais e online ou um rodízio de estudantes. Nas cidades do Interior, gestores de Educação e de Saúde ainda debatem sobre o quadro atual da pandemia, vacinação dos servidores e adequação das salas das escolas.
As salas de aula permanecem vazias e no quadro um grande ponto de interrogação. “Nenhuma cidade sabe ainda quando recomeçar de forma mista, com rodízio entre alunos ou híbrida”, pontuou a diretora da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e secretária de Educação de Iguatu, Marluce Torquato. “Todo isso está em discussão com a comunidade escolar”.
Um consenso que há entre os gestores municipais da Educação refere-se à necessidade de vacinação com ciclo completo (primeira e segunda doses) para todos os servidores das escolas e adequação das unidades de ensino.
O assessor técnico da Associação dos Municípios do Ceará, Nilson Diniz, foi incisivo a frisar que “está todo mundo muito cauteloso por causa da variante Delta e a vacinação que ainda é lenta”.
Cautela para retorno seguro
Nilson Diniz frisou, entretanto, que a Aprece defende que “cada município discuta com os conselhos e decida protocolos, plano de contingência, modelo de ensino e data a ser implantada a mudança do sistema remoto para um híbrido e que os pais possam decidir sobre a ida ou não dos filhos”.
Outro ponto apresentado pela Aprece refere-se à preocupação “com perda de aprendizagem e problemas psicológicos – fobias, depressão – por causa de longo tempo de ausência da escola”. Por último, Diniz questiona: “Os municípios terão condições de fazer exames de RTPCR para todos os casos suspeitos e depois isolar e fazer bloqueios?”
Para o presidente do Sindicato Apeoc, Anízio Melo, diferentemente das escolas estaduais, as unidades das redes municipais de ensino “ainda estão sem preparo físico e um retorno às salas de aula exige medidas preventivas, preparo e adequações, após um correto planejamento em cada cidade”.
Quem crítica um retorno dos alunos do ensino fundamental nos municípios cearenses para o momento atual é a presidente da Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Estado do Ceará (Fetamce), Enedina Soares, “é preciso assegurar um retorno seguro, que passa pelo avanço da vacinação, implantação de protocolos de segurança sanitária e adequação dos imóveis que ainda não aconteceu”.
A diretora de escola na zona rural de Cedro, localidade de Vila Ubaldinho, disse que há possibilidade de aulas híbridas a partir da segunda quinzena de setembro, mas frisou que “não há ainda nada certo” e ponderou que “se os casos de pandemia aumentarem, tudo precisará ser revisto”.
Em busca de um modelo
Marluce Torquato disse que outro modelo que poderá ser implantado “é o de sala de aula invertida com presença de aluno dia sim e dia não”. Com 44 unidades da rede municipal e 11.556 alunos matriculados, a secretaria de Educação de Iguatu a exemplo de outras pastas permanece discutindo o modelo e uma data de retorno dos alunos mesmo que forma gradual às escolas.
Regina Leite, secretária de Educação de Cedro, observou que no Ceará “muitos professores e servidores de escolas ainda não tomaram a segunda dose, tendo pessoal agendado para setembro e por isso estamos vendo com o Comitê Municipal de Enfrentamento à Covid uma definição”.
Os pais dos alunos estão divididos e a maioria mostra preocupação com a perda de conhecimento no sistema remoto. “Por mim acho que já é tempo de retornar porque os professores estão sendo vacinados e as crianças correm menor risco”, disse a lojista, Ana Lúcia Lima. “Infelizmente, a gente não sabe o que fazer e espero que decidam o que for mais correto”, disse a dona de casa, Marta Gonçalves.