Cogerh realiza obras de restauração e alerta para necessidade de manutenção nos reservatórios
Quixeramobim. Técnicos da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) no Sertão Central concluíram as inspeções periódicas da pré-estação nos reservatórios públicos da região. Os 16 açudes monitorados pela equipe do escritório regional de Quixeramobim apresentam boas condições. A Cogerh sugeriu, entretanto, a limpeza do talude e reparo das válvulas de contenção do Açude Fogareiro, neste município. A revisão do sistema de abertura das comportas do Arrojado Lisboa, em Banabuiú, também foi apontada como necessária.
Embora seja rotina, antes do início da quadra chuvosa a inspeção se torna mais rigorosa. É preciso certificar o volume de água em cada barragem. Por meio de acompanhamento é possível administrar e cientificar outros órgãos acerca da situação de cada um deles. A Defesa Civil do Estado é um exemplo. Quando as chuvas começam a se acentuar, o monitoramento se torna ainda mais frequente. Embora não seja possível realizar manobras de liberação de água na maioria deles, como ocorrerá próximo sábado no Castanhão, o auxílio pode evitar tragédias.
A preocupação decorre do elevado volume de água nos açudes da região. Segundo a gerente regional da Cogerh, Telma de Almeida Pontes, a Companhia vive um momento histórico desde a sua criação, 15 anos atrás. Antes trabalhava com a escassez de água. Era necessário racionar. Agora a apreensão é com o excesso. A maioria dos açudes está com volume superior a 70%. Apenas o Cedro, em Quixadá, apresenta cota baixa, inferior a 30%. É preciso ficar atento a qualquer mudança.
Essa é exatamente a função do inspetor do Departamento Nacional de Obras Conta as Secas (Dnocs), Eudes Bezerra, administrador do Açude Fogareiro nos últimos 13 anos. É ele quem acompanha todos os dias o nível da maior represa de Quixeramobim. Observando as réguas fixadas dentro da água, informa a Cogerh, a Funceme e a Defesa Civil a altura da lamina do nível hídrico. A comunicação é feita por meio do celular, antes das 7 horas de cada manhã. Esse trabalho é realizado de domingo a domingo, sem folga.
O coordenador regional de operações da Cogerh, Luis César Pimentel, elogia a dedicação do servidor federal. Sem ele seria praticamente impossível monitorar o Fogareiro todos os dias. A barragem está situada a mais de 30km do escritório gerencial. Quando o inverno chega, os rios e riachos enchem, o acesso se torna ainda mais difícil. Por esse motivo, a Companhia trabalha a autoestima dos monitores. "A indisposição ao serviço de acompanhamento pode gerar consequências desastrosas", acrescenta o técnico.
Além do relacionamento com os monitores os técnicos da Cogerh realizam análises mais complexas. Pode parecer estranho, mas utilizando praticamente o mesmo procedimento adotado pelos médicos no exame das gestantes, o geógrafo Luis César Pimentel descobre a vazão nos dutos por onde a água é transportada para rios e riachos. A única diferença está na transformação das imagens em números. Por meio desse método criado na Alemanha é possível saber com precisão quantos litros de água passam por segundo dentro do tubo de aço.
Com os dados nas mãos, relativos ao volume de água dos reservatórios, aliados à possibilidade de controle da vazão nas suas jusantes, é possível estabelecer a alocação desses recursos naturais, imprescindíveis à sobrevivência humana, principalmente para quem mora em zonas áridas. Essa política é desenvolvida junto às comunidades, por meio de reuniões com os comitês das bacias hidrográficas de cada região. Nos encontros são apresentados os dados técnicos. Em seguida, os membros decidem acerca da utilização do insumo básico captado com as chuvas.
Dificuldades
Telma Pontes cita como exemplo a decisão tomada pelo comitê da Bacia do Banabuiú no ano passado. Os membros decidiram não liberar mais a água do Açude Cedro para abastecimento da área urbana de Quixadá. A Cagece enfrenta dificuldades no abastecimento sistemático da cidade. Enquanto a nova adutora do Açude Pedras Brancas não é concluída, alguns bairros passam mais de semana sem receber água. O Cedro está hoje com 29,6 % de sua capacidade. Neste período, em anos anteriores, já estaria com menos de 10%. O Pedras Brancas acumula mais de 70 % de água.
CUIDADO
"Antes, era a escassez de água. Agora, queremos controlar os excessos"
TELMA PONTES
Gerente regional da Cogerh
"Gerenciamos a água como uma mãe cuida do filho, com toda atenção e cuidado"
LUÍS CÉSAR PIMENTEL
Geógrafo
MAIS INFORMAÇÕES
CoMPANHIA de Gestão de Recursos Hídricos do Estado
(88) 3218.7020
cogerh@cogerh.com.br
MELHORAMENTO NOS RESERVATÓRIOS
Obras de recuperação custam R$ 11 mi
Quixeramobim. De acordo com o presidente da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), o engenheiro civil e mestre em Recursos Hídricos, Francisco José Teixeira, o Ceará conta hoje com 71 açudes estaduais e outros 60 federais. O Governo do Estado está investindo R$ 11 milhões na recuperação de sete deles.
No município de Chaval, o vertedouro do Itaúna está sendo reparado; em Coreáú, o serviço está sendo feito no sangradouro do Angicos; as barragens do Jaburu I, em Ubajara, do Flor do Campo, em Novo Oriente; do Cipoada, em Morada Nova; e o Sousa, em Canindé, passam por obras de restauração.
Menor porte
Quanto às obras de menor porte e o diagnóstico dos escritórios regionais espalhados pelas bacias hidrográficas do Estado, Teixeira diz que cada equipe conta com autonomia no gerenciamento de suas áreas.
Porém, no caso dos açudes ainda controlados pelo Dnocs, como o Arrojado Lisboa, em Banabuiú, e o Cedro, em Quixadá, competem ao órgão federal a adoção das providências de manutenção. As barragens municipais e particulares devem ser recuperadas com recursos próprios ou por meio de convênios. "Nesses casos a Cogerh presta assistência técnica gratuita", completou.
Açudes particulares
A equipe de Quixeramobim deve iniciar na próxima semana os trabalhos técnicos de inspeção nos açudes particulares e barreiros, como são conhecidos os pequenos reservatórios. Muitos deles foram construídos nas montantes das grandes represas.
No ano passado a maioria rompeu elevando rapidamente o nível da água nos açudes de maior porte. Outros tiveram a estrutura comprometida. "Além das avaliações técnicas, a Defesa Civil do Estado e as prefeituras serão alertadas em caso de risco", acrescentou a gerente regional da Cogerh, Telma de Almeida Pontes.
Bacias hidrográficas
O Estado do Ceará está dividido em oito bacias hidrográficas: a Metropolitana; a Bacia do Parnaíba; a Bacia do Médio e Baixo Jaguaribe; a Bacia do Curu e Litoral; do Coreaú e Acaraú, do Salgado, do Alto Jaguaribe e, ainda, do Banabuiú. Em cada uma delas a Cogerh mantém um escritório técnico.
Ainda de acordo com a gerente regional, a missão da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos, "é gerenciar os recursos hídricos de domínio do Estado do Ceará e da União, por delegação, de forma integrada, descentralizada e participativa, incentivando o uso racional, social e sustentado, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da população".
ALEX PIMENTEL
Colaborador