O que surpreende os denunciantes é que os pesquisadores publicaram trabalhos no exterior, um dos quais em parceria com o reitor da Universidade Regional do Cariri (Urca), André Hezorg — sem o seu conhecimento — e Artur Andrade, o que levanta a suspeita, segundo Jakson Antero, de que as nossas reservas naturais continuam sendo levadas para o exterior com a complacência das autoridades.
Ouvido pela reportagem, o representante do DNPM na região, Artur Andrade, afirmou que não existe nenhuma lei que o impeça de publicar artigos em parceria com estrangeiros. Essa é uma prática comum entre os pesquisadores. Quanto ao material pesquisado, no caso um âmbar, resina fóssil, proveniente de uma espécie extinta do período terciário, foram levados apenas fragmentos da resina. Artur mostra duas pedras com o material principal que se encontram guardadas no Centro de Pesquisa Paleontológicas da Chapada do Araripe.
Quanto à presença do pesquisador David Martill no Cariri, o fato foi comunicado à Polícia Federal. O próprio pesquisadora foi advertido que não voltasse à região sem a prévia autorização dos órgãos competentes. Artur explica que estes pesquisadores não precisam vir à bacia do Araripe para a coleta de fósseis. O material fossilífero do Cariri já se encontra nos principais museus do mundo. Ele adverte que é impossível controlar a saída de fósseis. Conta com apenas dois técnicos para fiscalizar 11 mil quilômetros de reservas.
Já o reitor da Universidade Regional do Cariri (Urca), André Hezorg, explica que só tomou conhecimento do artigo publicado no exterior com a sua assinatura depois da publicação. Herzog apresenta um ofício enviado por ele ao presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Erney Felício Plessmann de Camargo, advertindo quanto à pesquisa ilegal de fósseis no Cariri por David Martill, da Escola de Ciência da Terra e do Ambiente da Universidade de Portsmout, Inglaterra, acompanhado de um grupo de estudantes.
O oficio do reitor reafirma que, desde 1999, na qualidade de docente do Departamento de Ciências Físicas e Biológicas da Urca, vem alertando o paleontólogo inglês para o cumprimento da legislação nacional que proíbe este tipo de pesquisa. No entanto, segundo o reitor, nunca houve interesse por parte de Martill em estabelecer uma cooperação nos termos legais.
O reitor conclui solicitando providências dos órgãos públicos para que a ação criminosa do professor inglês seja severamente combatida, e evitada no futuro, tornando-se um exemplo de defesa dos interesses e do patrimônio público nacional.
Em resposta ao oficio do reitor, o presidente do CNPq, Erney Plessmann, informou que não consta no Conselho nenhum registro de autorização para David Martill realizar pesquisa. Plessmann orienta que, no caso da não apresentação da documentação exigida, o fato deve ser comunicado à Polícia Federal.