Mesmo sem expressividade no País, os cultivos no Estado têm relevância na alimentação de famílias
Feijão, arroz, milho e mamona estão entre os produtos com maior participação nos cultivos do Estado. No ano pesquisado, a safra foi recorde
Iguatu O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou pesquisa sobre a Produção Agrícola Municipal (PAM) referente à área cultivada e colheita de grãos em 2011, que foi um período em que o Brasil alcançou safra recorde. A região Nordeste, mais uma vez, não aparece com destaque e o Ceará demonstra pouca expressividade na pauta agrícola nacional, mas a produção regional tem importância para a segurança alimentar de milhões de pessoas.
Neste ano, o sertão cearense enfrenta uma das maiores secas dos últimos 40 anos e a safra deve sofrer significativa frustração. Dados parciais do IBGE mostram que a queda será de 82% em relação à safra de 2011 e de 84% em comparação ao que foi estimado em janeiro passado.
A coordenadora do Grupo de Estatísticas Agropecuárias do IBGE, no Ceará, Regina Lúcia Feitosa Dias, observou que o Ceará não integra a pauta de exportação de grãos, mas que vem se destacando na produção de frutas (castanha de caju, banana, melão e mamão). "O cultivo de grãos de subsistência atende à segurança alimentar de milhares de famílias, daí a sua importância", observou.
Produção estadual
Regina Dias destacou que o milho é o principal produto na safra de grãos do Ceará, participando com 70% da produção estadual. "No ano passado, houve uma redução na área deste cereal em torno de sete por cento em consequência da escassez de mão-de-obra", disse. "A área cultivada foi de 725 hectares em 2011". Os seis grãos mais produzidos no Ceará em 2011 foram milho (915 mil toneladas), feijão de corda (243 mil toneladas), arroz (93 mil toneladas), mamona (15 mil), sorgo granífero (4,8 mil toneladas), algodão (2,3 mil toneladas).
No ano passado, o Ceará foi beneficiado por chuvas regulares que começaram na pré-estação (janeiro e fevereiro), favorecendo o setor agropecuário. "Ocorreram veranicos, mas não houve situação extrema de estiagem", observou Regina Dias. "Quanto ao aspecto fitossanitário, a Ematerce observou que os ataques de pragas ficaram na categoria ´fraco".
A região Centro-Sul manteve a liderança no Estado na produção de arroz, com sete mil hectares plantados e uma safra de 30 mil toneladas. Em segundo lugar vem a região de Baturité e em terceiro, o Baixo Jaguaribe.
O Ceará já foi um grande produtor de algodão no Brasil. Hoje, a área plantada foi reduzida a 2.945 hectares. A maior produtora é a região dos sertões de Quixeramobim com 930 hectares e uma safra de 954 toneladas do produto em caroço.
O Litoral Norte do Ceará desponta como o maior produtor de feijão do Ceará. Itapipoca, Curu, São Gonçalo, Trairi e Amontada obtém destaque na região. Foram 110 mil hectares cultivados e colhidas 40 mil toneladas.
O milho é o principal produto da safra de grãos no Ceará e tem importância elevada para a alimentação do rebanho (bovino, suíno e ovino) e para o consumo humano.
Safra recorde
A produção agrícola no Brasil cresceu 27% em 2011 em relação a 2010. O valor da safra no ano passado foi de R$ 195,6 bilhões. Os dados são do IBGE, na mesma pesquisa. O estudo inclui 64 produtos. O aumento da área plantada no período foi de 4,3%, equivalente a 2,8 trilhões de hectares. Os produtos de maior expansão foram soja, milho, cana-de-açúcar, café e algodão herbáceo. As boas condições climáticas entre o fim de 2010 e o início de 2011 favoreceram o crescimento da produção de grãos e frutos de culturas temporárias e permanentes. O valor da produção agrícola foi impulsionado pela elevação dos preços dos produtos agrícolas, que vêm se valorizando desde 2010, pelo aumento da demanda ou por redução da oferta, tanto no mercado interno quanto externo.
O Estado de São Paulo mais uma vez manteve a liderança na participação nacional no valor da produção, embora sua contribuição caiu de 18,3% (R$ 28,0 bilhões), em 2010, para 17,7% (R$ 34,6 bilhões) em 2011. Já Minas Gerais subiu da quarta para a segunda colocação, com uma participação de 12,7% (R$ 24,8 bilhões) em 2011.
Dos 64 produtos pesquisados pelo IBGE, três culturas responderam por 57,2% (R$111,8 bilhões) do valor da produção: soja, cana-de-açúcar e milho. A soja continua sendo a cultura com maior valor da produção, seguida da cana-de-açúcar e do milho. A pesquisa revela que a produção de grãos em 2011 cresceu no período 6,8% e novamente bateu o recorde com uma safra de 159,4 milhões de toneladas. Os dados demonstram a pouca participação do Nordeste. Dentre os dez maiores municípios produtores do país, apenas dois estão na região nordestina, na Bahia: São Desidério (segundo lugar) e Fomosa do Rio Preto (quinta posição).
Mais informações:
Unidade Estadual do Instituto
Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) no Ceará
Telefone: (85) 3464.5367
www.ibge.gov.br
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