Moradores de Barbalha assistem ao desfile no Rio em homenagem à cidade em telões nas ruas

O município de Barbalha, no Cariri cearense, foi tema da Acadêmicos de Santa Cruz, escola de samba do Rio de Janeiro.

Nem mesmo a forte chuva impediu os barbalhenses de acompanhar a homenagem que a Acadêmicos de Santa Cruz fez à sua cidade na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, na madrugada deste domingo (23). Trazendo o samba-enredo “Santa Cruz de Barbalha - Um Conto Popular no Cariri”, a escola de samba foi a quarta a desfilar no segundo dia pela Série A, que dá acesso ao Grupo Especial do carnaval carioca.  

Dois telões foram montados em Barbalha para a população local acompanhar o desfile. O primeiro, foi colocado na Rua Padre Correia, no bairro do Rosário, já o segundo no Calçadão, vizinho à Praça Figueira Sampaio, no Centro da Cidade. Outra estrutura também foi instalada em Juazeiro do Norte, cidade vizinha, na Praça Padre Cícero.  

A concentração começou a partir das 22 horas e foi madrugada adentro. A forte chuva em Barbalha começou exatamente no horário em que a Santa Cruz entrou na avenida, por volta de 1h45. Mesmo assim, muitos fizeram questão de se molhar, cantar e dançar. “Oh, moça solteira. Oh, pau da bandeira. Oh, moça solteira pede ao santo padroeiro um sinhô pra ser seu par”, entoavam o verso que acabaram de decorar.

A homenagem incluiu 22 alas, três alegorias e mais um elemento alegórico. O enredo falou sobre o folclore, a história, a religião, o cotidiano e as riquezas naturais do município. E assim como choveu em Barbalha, a Marquês de Sapucaí também recebeu muita água do céu, mas que não atrapalhou a apresentação, que durou 45 minutos.

O desfile destacou elementos marcantes, como a cana-de-açúcar, importante para economia do município nos últimos três séculos; o soldadinho do Araripe, ave endêmica do Chapada do Araripe; a fé em Santo Antônio; o tradicional carregamento do pau da bandeira; a Igreja Matriz, entre outros.  

Os empresários Luiz dos Santos e Marco Rosa, naturais de Santos (SP) e Rolante (RS), fizeram questão de organizar a transmissão no telão para os clientes do seu restaurante e também para a população que transitava pelo Centro da cidade. “Apesar de não sermos daqui, estamos vivenciando e fazendo parte dela. É importante transmitir para os barbalhenses um momento como este”, ressaltou Luiz, que mora na cidade há três anos.  

Gaúcho, Marco fez questão de prestigiar a cultura de Barbalha, cidade que o acolheu há 20 anos. “A cidade nunca viveu um momento como este”, reforçou o empresário, que se animou ao ver o pau da bandeira na TV. “A Santa Cruz tem se preparado de forma especial, abrangendo as principais crenças da região. Fala um pouco do Padre Cícero, a fé casamenteira. Pelo que nós conhecemos, foi uma boa representação. Levou não só o nome de Barbalha, mas do Cariri”, completa Luiz.  

Nascido em Barbalha, o decorador AIlton Vieira se emocionou ao ver sua cidade no carnaval carioca e cantou, do início ao fim, o samba-enredo da Santa Cruz.

“Representou muito bem nossa cidade. Estamos muito orgulhosos de estar na Sapucaí. Fez jus a Barbalha. Me encantou muito a alegoria da Igreja Matriz. A Santa Cruz vai subir!”, decretou. 

Mais de 30 pessoas de Barbalha foram ao Rio de Janeiro para participar do desfile, incluindo o prefeito Argemiro Sampaio, que destacou a forma que a agremiação contou a história da cidade, desde os engenhos até a festa de Santo Antônio. “Foi um desfile espetacular. A galera levantou, cantou nosso samba enredo. A música era fácil. A Santa Cruz merece todos os nossos parabéns”, enfatizou.  

Fundada em 18 de fevereiro de 1959, a Acadêmicos de Santa Cruz faz parte da Série A, da Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Lierj), divisão de acesso ao Grupo Especial. A escola é sediada na zona oeste da cidade e traja as cores verde e branco.  

Ao todo, 14 escolas lutam por uma vaga na elite do carnaval carioca. As duas últimas colocadas caem para o grupo que desfila na Avenida Intendente de Magalhães, na zona norte. A apuração das notas será realizada na quarta-feira de cinzas, logo após o fim dos resultados do Grupo Especial.