O produtor rural, Cirilo Vidal, cultivou 15 hectares de sorgo forrageiro na modalidade de sequeiro (depende exclusivamente da chuva), durante o primeiro semestre deste ano, em Quixeramobim. Esperava colher 100 toneladas, mas registrou perda de 50%. Este não é um caso isolado, no Ceará. A queda na safra afetou milhares de agricultores, em maior intensidade nas regiões do Sertão Central, Sertão de Crateús e nos Inhamuns, onde as chuvas foram irregulares e escassas.
Dados mais recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a expectativa da safra de cereais, leguminosas e oleaginosas caiu 3,80%, neste ano, em comparação com a colheita de 2020 (794.480t).
O diretor técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), Itamar Lemos, acredita que a redução da safra de grãos de sequeiro em 2021 será maior do que o previsto até agora pelo IBGE.
“Estamos até o momento estimando perda de 6,5%, mas esse índice deve ser ainda maior”, pontuou. “Até o fim deste mês, teremos um diagnóstico mais preciso”.
Lemos explicou que “a quadra chuvosa (fevereiro a maio) deste ano foi caracterizada por muita irregularidade” e exemplificou que no Sertão Central, choveu em média 360mm, mas no Centro-Sul cearense passou de 1100 mm. “Quando o cultivo de milho estava na fase de floração, precisando de água, faltou chuva e a cultura sofreu forte estresse hídrico”.
Para Itamar Lemos, as regiões do Sertão Central, Centro-Sul, Cariri, Ibiapaba e Norte do Ceará foram bem favorecidas com intensas e mais regulares chuvas.
Números
A produção de frutas frescas deve ficar 0,4%, no Ceará, a mais do que a safra colhida no ano passado, segundo estimativa do IBGE. Os produtos que apresentaram aumento na expectativa de produção em relação entre junho e maio passados, foram o milho semente irrigado segunda safra (146,42%), a soja de sequeiro da primeira safra (51,50%), o feijão-de-corda de segunda safra irrigado (7,73%), o amendoim (3,28%) e o arroz de sequeiro (2,44%).
Já em relação ao milho semente irrigado de segunda safra, a pesquisa mensal do IBGE indica expectativa de produção crescente “em função do aumento da área, pois, em junho, o município Limoeiro do Norte estava realizando plantio desse grão”.
Nos municípios de Tianguá e Ibiapina, na Chapada da Ibiapaba, o cultivo de soja de sequeiro de primeira safra apresenta boa expectativa de produção por causa do aumento da área cultivada.
Queda
Os gêneros que registraram frustração de safra, segundo o IBGE, foram o trigo em grão de sequeiro (-100%), o feijão-de-corda de primeira safra de sequeiro (-3,85%), o milho grão sequeiro de primeira safra (-3,24%), o algodão herbáceo sequeiro (-1,41%), a mamona (-0,75%), o feijão de arranca de primeira safra (-0,15%) e a fava (-0,06%).
O levantamento sistemático de safra realizado pelo IBGE aponta queda na produção de frutas frescas. A safra a ser colhida deve ficar em torno de um milhão de toneladas. Esse quantitativo representa queda de 0,40% em relação ao mês anterior (1.048.127 t) e de 4,36%, comparando-se a safra de frutas frescas efetivamente obtida em 2020 (1.091.456 t).
Em relação à safra anterior, a produção de abacate irrigado cresceu 529% e de maracujá de sequeiro 850%. Entretanto, a produção de melão irrigado caiu 11,13%, a melancia irrigada 7,12% e a banana de sequeiro -0,02%.
O relatório do IBGE explicou que o abacate irrigado apresentou crescimento na expectativa de produção devido ao aumento em Tianguá e em São Benedito. O crescimento da área de cultivo de maracujá de sequeiro ocorreu na região do Cariri, em Araripe, Crato e Santana do Cariri.