Funai aponta impossibilidade de fiscalização

“O desrespeito com os povos indígenas teve início em 1757, quando foi proibido, por lei, dos índios falarem suas próprias línguas. Em 1862, no Ceará, um decreto reconheceu a extinção de povos indígenas. Já em 1973 o Estatuto do Índio estabeleceu que dentro de cinco anos todas as terras indígenas fossem reconhecidas e demarcadas. Quinze anos depois, em 1988, a Constituição Federal estabeleceu mais cinco anos para o reconhecimento e demarcação das terras indígenas do Brasil. Hoje, 13 anos depois, o problema continua o mesmo. No Ceará, das mais de 60 comunidades dos quatro povos indígenas, apenas os Tremembé de Itarema e de Acaraú tiveram suas terras demarcadas e homologadas. O restante continua na luta por seus diretos”. A declaração é do representante da Funai no Estado, Petrônio Machado Cavalcante.

Ele relatou para a CPMI a impossibilidade da Funai trabalhar como fiscal para impedir os conflitos em terras indígenas. Disse que, embora a fundação tenha, no papel, o poder de polícia, isto nunca foi regulamentado. “Somos um vigia sem arma” ressalta.

O representante da Articulação dos Povos Indígenas no Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo, Dourado Tapeba, lembrou que na época do descobrimento do Brasil o Ceará possuía cerca de 200 mil índios. Hoje a população chega a 17 mil. Para ele, falta uma política séria que assegure o direito do índio à sua terra de origem. Conta que a primeira pesquisa feita na área dos Tapeba, em 1980, constatou uma área de 30 mil hectares. Já em 1983, em um outro levantamento, a área foi diminuída para 18 mil hectares. “Hoje, eles querem nos dar 4.658 hectares para uma comunidade de 5.800 famílias”, conclui Dourado Tapeba.