Moradores de Sobral denunciam a destruição do casarão onde morou Pedro Mendes, um local considerado histórico
Sobral. Um prédio construído no início do século passado, localizado no centro comercial, está sendo parcialmente demolido. A casa, que fica na Rua Viriato de Medeiros, imediações da Praça de Cuba, é considerada de interesse histórico e cultural pela Prefeitura de Sobral e está no cadastro do Inventário Nacional de Bens e Sítios Urbanos Tombados (INBI-SU). Por esse motivo, não poderia sofrer alterações em sua fachada nem na sua parte interna.
A destruição foi denunciada por moradores da área. "O casarão onde morou Pedro Mendes já estava sendo levantado pelo patrimônio histórico para ser tombado, por esse motivo, estamos tratando a sua demolição como uma questão federal, já que constitui crime contra o Patrimônio Nacional", disse Juraci Neves, secretária do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Município.
O casarão pertencia ao tabelião Idelfonso Cavalcante e serviu para abrigar, por muitos anos, a família de Pedro Mendes Carneiro, um dos primeiros tabeliões da cidade, figura política e escrevente substituto do 1º Cartório de Sobral, que mais tarde passou a ser chamado de Cartório Idelfonso.
O trabalho de demolição vinha sendo feito às escondidas e hoje restam apenas as paredes da fachada. Para o procurador do município, José Cliton Carneiro, a ação está sendo feita de forma irregular por vários aspectos. "A demolição não foi comunicada à Prefeitura, nem aos órgãos competentes. Isso já é suficiente para uma ação judicial. Às vezes, as pessoas acham que a licença é somente para quem vai construir. Neste caso, não só faltou uma licença, como jamais seria autorizada a demolição em se tratando de um prédio tombado pelo Iphan", disse o procurador, assegurando que o município já ingressou com uma queixa crime no Ministério Público Estadual (MPE).
Monumento
"Eu considero como um monumento histórico para a cidade. E quero adiantar que a Procuradoria já está tomando todas as providências, comunicando ao MPE. Também deveremos fazer o mesmo no Ministério Público Federal, para adotar providências cabíveis por se tratar de um crime contra o patrimônio histórico", alertou o procurador Cliton Carneiro.
Para Juraci Neves, além da reparação dos danos, o proprietário terá que devolver para a sociedade sobralense o patrimônio na sua arquitetura original. "O prédio que estava sendo demolido não pertence a uma família e sim, a um fato histórico da cidade. Não tem nada que possa recompor o que esta pessoa provocou à nossa história".
O caso repercute na cidade e ainda há um clima de revolta por parte dos historiadores, arquitetos e sociedade sobralense. Num programa de rádio da cidade, o jornalista e historiador Cleiton Medeiros chegou a classificar a ação como um ato irresponsável de quem está fazendo a demolição do casarão e acredita que pouca coisa poderá ser feita para reparar o dano.
O diretor do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Sobral, Alexandre Veras, adiantou que todas as medidas cabíveis já estão sendo tomadas para que o casarão ganhe a sua forma original.
"A demolição já foi embargada, a Prefeitura já ingressou com uma ação pública e o Iphan irá cobrar do proprietário a recuperação do prédio que pertence não a uma família e sim à história do município", disse Alexandre Veras, acrescentando que, apesar de estar localizado numa área do entorno do sítio histórico, a sua demolição jamais deveria ter acontecido.
Sobre a possibilidade da recuperação do imóvel, Veras vê como possível e cita como exemplo o prédio onde hoje abriga o anexo da Câmara de Vereadores, que anteriormente existiam apenas parte das paredes laterais e a antiga Fábrica de Tecido, que futuramente irá abrigar o Campi da Universidade Federal do Ceará (UFC) em Sobral.
Mais informações
Prefeitura Municipal de Sobral
Rua Viriato de Medeiros, 1250
Centro
(88) 3677.1100
WILSON GOMES
COLABORADOR
Demolição de prédio histórico causa revolta
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