Alunos ocupam prédio como protesto

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Itapipoca. Alunos da Faculdade de Educação de Itapipoca (Facedi), uma extensão da Universidade Estadual do Ceará (Uece) ocupam por tempo indeterminado o prédio em construção da Faculdade de tecnologia do Município. Eles reivindicam a doação de prédio novo ao campus Facedi-Uece; e criação de novos cursos de graduação.

A ocupação iniciou-se na noite de quarta-feira, após uma assembleia que contou com aproximadamente 200 estudantes. Eles reivindicam a doação de prédio novo ao campus da Uece e criação de novos cursos de graduação FOTO: JÉSSYCA RODRIGUES

A ocupação iniciou-se na noite da terça-feira, após uma assembleia que contou com aproximadamente 200 estudantes. A assembleia foi convocada após a manifestação da intenção do governador Cid Gomes em doar o prédio e terreno das Faculdade de Tecnologia do Estado, ainda em construção, para o Instituto Federal do Ceará (IFCE), de acordo com o Presidente do Centro Acadêmico de Pedagogia e um dos coordenadores da manifestação, Sérgio Teixeira. A ocupação é por tempo indeterminado e as atividades estão paralisadas até sexta feira.

De acordo com o estudante, a faculdade está completando 30 anos na cidade com apenas três cursos e aproximadamente 100 vagas, uma quantidade insuficiente para a demanda da região. "Muitos dos estudantes que terminam o Ensino Médio na cidade e municípios vizinhos migram para Fortaleza e Sobral em busca de mais opções de cursos ou mesmo por falta de vagas. Quem não sai da cidade e não passa na Uece, acaba pagando uma faculdade particular".

Doação

Sérgio explica que não os estudantes não são contra a vinda do IFCE, que já possui um terreno na cidade. E sim pela da doação do prédio e terreno do Governo do Estado, que conta com 20 salas já construídas, laboratórios, restaurante universitário e quadra poliesportiva.

"O Instituto Federal já possui um terreno de seis hectares doados pela Prefeitura. Que é inclusive o tamanha padrão do Ministério da Educação para a construção dos mesmos. Como já existe esse terreno doado, acreditamos que seria mais logico a doação da Fatec para a Facedi-Uece", finaliza.

De acordo com o diretor da Facedi, Francisco Furtado Tavares, a instituição oferece por ano 145 vagas, onde 104 delas são ofertadas no início do ano e 40 no meio. Essa oferta suporta hoje apenas 10% da demanda inscrita no vestibular, que alcança mais de 1000 inscrições.

Segundo ele, a diretoria irá apoiar a decisão dos alunos e professores, pois possui interesse e necessidade na doação do prédio. "A região atendida pela Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação de Itapipoca (Crede 2) conta com 21 municípios. Anualmente, concluem o Ensino Médio entre 4 e5 mil alunos nesses municípios. Num estudo encomendado a Crede, viu-se que a Facedi-Uece tem uma alta demanda em licenciaturas como letras e matemática. Caso esse novo prédio fosse doado para nós, poderíamos abrir pelo menos dez novos cursos", explica.

O secretário geral do Sindicato dos Docentes da Uece e professor da Facedi Valricélio Linhares, afirma que não há logica na doação do prédio e apoia a ocupação dos estudantes. "Não há sentido na intenção do governo estadual de doar o prédio novo para o IFCE, uma vez que todas as condições para a instalação desta instituição federal já estão dadas. A ocupação realizada pelos estudantes é justa e deve ser uma causa a ser assumida por toda a UECE e pelos cearenses e sinaliza para o governo o chamado para o diálogo."

Pais de estudantes também apoiam o movimento. O mototaxista Antônio Vieira é pai de três filhos. Deles, dois precisaram ir estudar em sobral. A mais velha já se formou, já o caçula cursa Psicologia na Universidade Federal do Ceará (UFC) Campus Sobral e tem um gasto mensal para a família de R$1500 reais.

Preocupação

"Isso porque hoje apenas um deles permanece em Sobral. Além da preocupação natural de pai, ainda há grandes inconvenientes como planos que tínhamos feito e cancelamos para mantê-los fora. Minha casa há sete anos espera a reforma iniciada antes deles irem estudar em outra cidade", disse.

O filho do meio, Fabricio Albuquerque cursa Licenciatura em Biologia na Facedi, mas queria mesmo era Engenharia. "Por causa dos gastos e falta de opção, acabei ficando na cidade fazendo esse curso que não foi minha primeira escolha", finaliza.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Estado, mas até o fechamento da edição não houve resposta. A ocupação deve continuar até negociação com o Governo do Estado.

Mais informações

Sindicato dos Professores da Uece, Diretor Valricélio Linhares
(88) 9611.0172
Centro Acadêmico de Pedagogia
Sérgio Teixeira - (88)9618.9303

Jéssyca Rodrigues
Colaborador