O aeroporto Tomé da Frota, em Iguatu, na região Centro-Sul do Ceará, está interditado por tempo indeterminado. A decisão da Anac decorre da falta de rondas de vigilância e à deficiência no Sistema de Proteção da Área Operacional (SPAO), incapaz de prevenir a entrada de animais, pessoas e veículos.
Em nota, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) esclareceu que a medida cautelar de interdição temporária é aplicada para todos os tipos de operações realizadas no aeroporto de Iguatu, “exceto no caso de voos de emergência médica ou de transporte de valores realizadas mediante prévia coordenação com o operador do aeródromo”.
Ainda de acordo com a Anac, para que a medida seja suspensa, a Superintendência de Obras Públicas (SOP), operadora do aeródromo, “deve comprovar que corrigiu os problemas apontados no relatório de inspeção”.
Os fiscais da Anac observaram que “faltam rondas de vigilância e há deficiência no SPAO, incapaz de prevenir a entrada de animais ou objetos que constituam perigo às operações aéreas e o acesso não autorizado, premeditado ou inadvertido, de veículos e pessoas”.
No dia da inspeção, fiscais da Anac observaram a presença de cachorros na pista. “Infelizmente, é comum, e são muitos animais”, disse o piloto de aeronave, Kellysson Bernardo de Sousa Marques, que há 12 anos, faz voos em Iguatu. “Um dia, por pouco não aconteceu um acidente, uma batida em um cachorro que estava no meio da pista”.
Impacto para empresários
A portaria de interdição do Aeroporto de Iguatu foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) do último dia 5. A medida traz impactos para empresários locais que utilizam o terminal para voos de negócios e pessoais.
O empresário Paulo Holanda considerou que a interdição é positiva “porque estava entrando animais e pessoas não autorizadas na pista e mediante essa medida o governo do Estado vai adotar e melhorar as condições do aeroporto”.
Holanda disse esperar que “a SOP resolva os problemas o quanto antes, porque os empresários estão prejudicados”.
A aeronave do empresário José de Sá Vilarouca ficou baseada em Juazeiro do Norte. “A interdição afeta sim. A gente decolou e não pode voltar”, disse Vilarouca. “Vim de carro, ontem, de Fortaleza, e já terei que voltar amanhã para a Capital. Quem tem negócios, reuniões, tem de viajar muito e nós estamos todo esse tempo sem condições de usar a aeronave com base em Iguatu”.
Já o avião do empresário José Alves de Oliveira (Zenir), cuja empresa tem sede em Iguatu, está no hangar local, sem operação. Com autorização da SOP é permitido decolagem para retirar a aeronave do hangar, mas não é permitida aterrissagem.
"Mal necessário"
Para o piloto Kellysson Bernardo de Sousa Marques a interdição “é um mal necessário, por isso sou a favor, para que melhore a segurança do aeroporto”.
O aeroporto é isolado por uma cerca de arame farpado que em alguns trechos é danificada e permite a passagem de animais de pequeno porte – cachorros e ovinos. O vigia faz turno de trabalho de 12 horas, mas precisa guardar o terminal de passageiros e o entorno da pista, que tem 1.400 metros de extensão, sem transporte cedido pelo operador do aeroporto.
A Superintendência de Obras Públicas (SOP), por meio de nota, informou que “está sendo elaborado um plano de ação para promover o mais rápido possível a adequação aos termos da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para que o aeroporto volte a operar regularmente”.
O Aeroporto Regional de Iguatu passou por uma reforma no terminal de passageiros em fevereiro de 2020 e iniciou operação de voos comerciais às terças e quintas-feiras para Fortaleza. Contudo, o início da pandemia do novo coronavírus, os voos foram suspensos até hoje, sem data de serem retomados.