Acervo rememora saga do Beato José Lourenço

Crato (Sucursal) — “Caminhos do Beato José Lourenço” foi o acervo organizado pelo fotógrafo Jackson Bantim, um pesquisador que, ao longo dos últimos 20 anos vem acompanhando os principais acontecimento populares do Cariri. De 15 até ontem, as fotos foram apresentadas na Universidade Regional do Cariri (Urca), em espaço organizado pelo arquiteto Valdemar Farias. A exposição seguirá para o Centro Cultural do Banco do Nordeste, em Juazeiro do Norte, com data a confirmar.

A exposição de fotos antigas e recentes do Caldeirão atraiu público variado. A invasão do Caldeirão em 1936, o massacre em 1937, as ruínas da casa do Beato e as romarias ao Caldeirão fazem parte da exposição. A idéia de Bantim é mostrar, através de imagens, a história de um líder espiritual que, segundo afirma, ainda não foi totalmente pesquisado.

Ele descobriu, por exemplo, um admirador do Beato que, todos os dias, sai do Crato com destino ao cemitério de Juazeiro, a fim de cuidar do túmulo de José Lourenço. É José Tavares de Lira, neto do também beato, Severino Tavares, que morou com Zé Lourenço no Caldeirão. Na Serra do Araripe ainda há alguns sobreviventes do Caldeirão. O fotógrafo está acompanhando os passos destes personagens que vivem no anonimato, fugindo do preconceito que ainda hoje existe contra os seguidores de Lourenço.

O objetivo de Bantim é documentar, para a posteridade, os depoimentos desses personagens. “O interesse dos estudantes pelas fotos é uma prova do que elas representam para as novas gerações”, afirma.

Uma das imagens mais chocantes é a foto de três seguidores do Beato mortos em cima de uma padiola. Em maio de 1937, alguns remanescentes, liderados por Severino Tavares, armaram-lhe uma cilada na qual morreram o capitão Bezerra, seu filho Anacleto e mais dois soldados. Foi a gota d’água: as autoridades enviaram tropas bem armadas e três aviões que provocaram um massacre - alegando estarem acabando com o perigo de uma “nova Canudos”.