Constelação familiar: método terapêutico traz à luz questões que estavam no inconsciente

Conheça mais sobre essa prática e seus benefícios, prática adotada inclusive no Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro.

Criada na década de 1970 pelo filósofo alemão Bert Hellinger, a constelação familiar surgiu dentro do pensamento sistêmico, por isso alguns a chamam de constelação sistêmica familiar. Pode ser aplicada em várias áreas, como na saúde (o Ministério da Saúde introduziu as constelações familiares como uma terapia integrativa no SUS desde março de 2018), no Judiciário (Direito Sistêmico), nas escolas e universidades (Pedagogia Sistêmica), nas empresas e nas organizações (Constelação Organizacional) e nas dinâmicas familiares, de forma geral. Quem explica é Paula Ribeiro (@paula_ribeiro_sistemica), Socióloga, Consteladora Familiar e Diretora do Instituto Prismah. Ela conversou com o Diário do Nordeste e traz outras informações sobre o assunto.

Ela explica que o próprio fundador nunca deixou por escrito a definição exata do que seria essa prática. “Eu costumo dizer que constelação familiar é um método terapêutico que tem por base o pensamento sistêmico e a fenomenologia, bem como apresentar as fundamentações teóricas e vivenciais de Bert Hellinger até chegar à sistematização deste trabalho, que foram várias, como a psicanálise, a dinâmica de grupo, a análise transacional, a hipnoterapia, a programação neurolinguística (PNL), o psicodrama, a terapia familiar, a experiência com a tribo africana zulus etc.”, descreve a profissional.
 

Como funciona

Segundo Paula Ribeiro, a constelação familiar pode acontecer em grupo ou no atendimento individual. Da primeira forma, estarão presentes o constelador familiar (ou o facilitador em constelação familiar), os participantes, os representantes (que são os participantes escolhidos para representação) e os clientes. “O cliente traz a questão que o incomoda e que deseja trabalhar. Alguns grupos trabalham com a questão aberta, ou seja, todos os participantes acompanhando a questão. Em outros, somente com a questão oculta, de forma que somente cliente e constelador sabem da questão. Em outros ainda, fica à escolha do cliente abrir a questão ou deixá-la oculta”, indica a socióloga.

Em seguida, ela afirma que o cliente escolhe no círculo de pessoas desconhecidas do grupo alguém para representar a questão dele. Por exemplo, alguém para representar o pai, outro, a mãe etc. “Iniciam-se, a partir daí, os movimentos sistêmicos, que são sentidos pelos representantes de forma sutil. Vêm sensações físicas, emoções, falas de cada membro da família que o representante e capta as informações. A partir desses movimentos, é possível ver o que está oculto (inconsciente) nas dinâmicas apresentadas, bem como os emaranhados dentro dos relacionamentos, para, em seguida, ordenar o sistema no amor, dentro das várias leis sistêmicas existentes”, conta a profissional.

Para quem será constelado, é preciso conversar com o constelador antes e receber as devidas orientações, frisa.

Indicações

A Diretora do Instituto Prismah pontua que a constelação familiar é indicada para trabalhar todas as áreas da vida, como conflitos, fobias, questões profissionais, relacionamento conjugal, padrões de comportamento, questões jurídicas, econômicas etc. “Muita gente pensa que quanto mais fizer sessões de constelação familiar, mais curada ficará. Mas a quantidade não diz da essência deste trabalho! A orientação que dou é de que haja espaços de tempo entre uma sessão de constelação familiar e outra, porque a tomada de consciência e os movimentos de tudo o que foi trabalhado vão agindo naturalmente na vida”, acrescenta.

Benefícios

A socióloga destaca alguns dos benefícios de participar dos grupos de constelação familiar e ser constelado, isto é, ter sua questão trabalhada com a constelação familiar: aumento da percepção da realidade; tomada de consciência das próprias questões; aprender sobre as leis sistêmicas para aplicar na vida; aumento da capacidade de expressão dos próprios sentimentos; exercitar o estado de presença, entre outros.

Quem procurar

Existem muitos profissionais consteladores familiares no Brasil, atendendo em grupos, em sessões individuais e online (é possível realizar esse trabalho com as plataformas online), mas é sempre bom buscar saber a idoneidade do profissional e as referências do trabalho dele, sinaliza Paula Ribeiro. “Não existe um órgão regulador desta atividade profissional para que você entre em contato e escolha qual constelador procurar. Mas pode buscar indicações em sites de busca, em redes sociais e pessoas que indicam algum profissional confiável”, sugere a Diretora do Instituto Prismah.

Dica

Para aqueles que têm curiosidade e para os mais céticos, a melhor forma de entrar em contato é conhecendo, estudando, frequentando um grupo de constelação familiar. Embora a teoria seja bem vasta, é algo bem prático  e vivencial, orienta a consteladora familiar Paula Ribeiro.