Trajetória vitoriosa

Conheça a história vitoriosa de Maria Antonizete de Oliveira Silva, futura auditora de controle interno na Controladoria Geral do Estado (CGE), em concursos públicos.

Aos 37 anos, Maria Antonizete de Oliveira Silva (foto) se identifica como administradora, corredora, mãe, esposa, dona de casa, atualmente ocupante do cargo de assistente de administração na Universidade Federal do Ceará (UFC) e futura auditora de controle interno na Controladoria Geral do Estado (CGE). “A minha história com concursos é longa. Fiz aproximadamente 20 concursos, e o jogo está mais ou menos empatado. Fui aprovada em uns 10 e tive insucesso em outros 10”, afirma a servidora, que tem a trajetória vitoriosa contada no Empregos de hoje para inspirar os concurseiros de plantão.

Foi logo depois de concluir o Ensino Médio que Maria Antonizete participou da primeira seleção pública. Daquela vez, por volta de 2001, para uma vaga temporária no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Trabalhei em 2002 e 2003 no IBGE. Enquanto estava lá, apareceu o concurso da Guarda Municipal, que fiz, mas não passei em um dos testes físicos por puro nervosismo, porque eu já conseguia fazer esse teste treinando em casa. Mas, bem, não passei”, conta a servidora.

Em 2003, ela casou e logo teve a primeira filha. Dois anos depois, nasceu a segunda. Ao término do contrato com o IBGE, ela resolveu dar um tempo nos certames e se dedicar às crianças. “Passei sete anos completamente sem estudar, sem pegar em um livro, em nada. Completamente dedicada às minhas filhas, à família”, declara a profissional.

Alguns anos mais tarde, surgiu a seleção para trabalhar no censo de 2010 do IBGE. Foi quando Maria Antonizete decidiu voltar a estudar. “As meninas já estavam um pouco crescidas, já estavam na escola. Voltei a estudar devagar, de maneira bem rudimentar, com apostila de banca. Meu estudo era basicamente ler a apostila enquanto elas estavam no colégio”, relata. Deu certo, e Maria foi supervisora no censo de 2010.

Aprovações
Dentro do Instituto, tendo contato com pessoas que estudavam para concurso, “que eram concurseiros mesmo”, se firmou a vontade de Maria Antonizete voltar a estudar para ser aprovada num certame efetivo, já que esta sua segunda aprovação no IBGE também era para uma vaga temporária.

Com alguns amigos do marido, também servidor público, ela conseguiu algumas aulas. Em seguida, ele assinou um cursinho online para a esposa. “Nessa época, voltei a estudar mesmo, para valer”, detalha Maria Antonizete, que seguia realizando provas apenas de nível médio, já que ainda não tinha curso superior.

O primeiro cargo efetivo que ela assumiu, no fim de 2011, foi como assistente administrativa na Prefeitura de Aquiraz. E continuou a se preparar. “Meu principal entrave era o tempo, porque eu tinha que cuidar da casa – não tinha ninguém para me ajudar –, além de trabalhar fora. Então adaptei o estudo à minha realidade: estudei basicamente por videoaulas. Eu não tinha tempo para leituras, para escrever, fazer resumos. Estudava enquanto estava fazendo os afazeres de casa. Era o sábado e o domingo direto com o computador ligado, ouvindo as aulas e fazendo as coisas”, descreve a servidora.

Até no trabalho, que era na parte administrativa, quando dava pra desempenhar alguma atividade ouvindo música, ela o fazia ouvindo aula.

Fez concurso para a Universidade Federal do Ceará (UFC), o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), os Correios, o Ministério da Fazenda, o Ministério Público do Ceará, o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará e a Defesa Civil. Vários certames entre 2013 e 2014, incluindo a aprovação na Defesa Civil e no segundo concurso que fez para a UFC. Mesmo após assumir na Universidade, em 2014, Maria Antonizete continuou estudando.

Persistência
Em 2015, ela ficou em 14º lugar entre 12 mil inscritos na seleção para o Tribunal de Contas do Estado do Ceará (TCE), mas não foi chamada. No mesmo ano, fez Enem e se matriculou, em 2016, na faculdade de Administração na Universidade Estadual do Ceará (Uece). “Nessa época, realmente dei uma pausa em estudar para concurso, porque era casa, trabalho, filhos, família e faculdade. Eu acordava antes das 5h da manhã e chegava em casa às 22h”, conta a funcionária da UFC.

Mas quando chegou, em 2017, a seleção para o Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região (TRT), que abrange o Ceará, ela ainda encontrou tempo para estudar para esse certame. “Desde então, graças a Deus, em todos os concursos que fiz eu fui aprovada: TRT do Ceará; TRF do Ceará (Tribunal Regional Federal da 5ª Região), em que fiquei em 18º para analista e em 21º pra técnico judiciário; Funceme (Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos), 3º lugar; Advocacia-Geral da União (AGU), 1º lugar; e Controladoria Geral do Estado do Ceará (CGE), que passei em 1º lugar para auditor de controle interno para a área de fomento ao controle social”, comenta. Nesse tempo, ela ainda teve que correr para antecipar a colação de grau no curso de Administração, já que desde 2017 começou a fazer seleções para nível superior.

A ajuda da família, de amigos (com apoio e até mesmo com empréstimo de material de estudo, como a amiga Paula Herbster) e de professores da Uece e dos cursinhos foi essencial para o sucesso nas seleções públicas e para a colação de grau especial, antes do restante da turma, para poder assumir nos concursos de nível superior.

Foco e conciliação
A partir de 2017, Maria Antonizete contou com ajuda da tecnologia para seguir adaptando os métodos de estudo à rotina. Desde então, notebook, tablet e fones de ouvido sem fio passaram a ser seus aliados na preparação, junto com cursos online, sobretudo aos sábados e domingos. “Porque era o único tempo que eu tinha. Eu estudava no tempo que dava, nos intervalos de trabalho, entre a faculdade e o trabalho. Se não tivesse alguma aula da faculdade, eu estudava, no percurso de ônibus da faculdade para o trabalho. Às vezes eu ia resolvendo questões. E deu muito certo”, conclui a futura auditora de controle interno da CGE. Aos concurseiros de plantão, ela ainda dá a dica que encontrem uma atividade física de que gostem e a incluam na rotina, “porque ajuda a ativar os neurônios, o que favorece o aprendizado, e também serve como válvula de escape para descarregar a pressão tão grande que é estudar tanto”, revela Maria Antonizete, que ama correr.