As mudanças no mercado e no mundo do trabalho desafiam os profissionais em seus mais diversos estágios, desde aqueles que estão em início de carreira até os que buscam novos horizontes. Independente da situação profissional, o autoconhecimento nunca se tornou tão necessário para quem quer desenvolver sua carreira ou mesmo mudar os rumos. “Vejo que é uma necessidade premente se conhecer e se reconhecer diante das mudanças, não só nos cenários de mercado de trabalho, mas enquanto indivíduos dinâmicos, resilientes e influenciáveis pelo que nos acontece”, observa a psicóloga Massimiliana Beserra.
Autoconhecimento para profissionais
O problema de não se conhecer muito bem é acabar trabalhando em algo que, em vez de dar prazer de acordar para sair, causará aquela sensação de desgosto ao sair da cama de manhã.
“Muitos têm adoecido ultimamente por não trabalharem com o que gostam e sentem-se presos por motivos financeiros, familiares ou por cobranças externas. Conhecendo-se melhor, poderiam se recolocar, até mesmo dentro de uma mesma profissão, mas com perspectivas e áreas de atuação diversas da que lhe tira a paz”, opina Massimiliana Beserra.
Para a psicóloga, a relação do autoconhecimento com o crescimento na carreira passa por identificar uma profissão que seja consistente com aptidões, interesses e talentos, que dê o retorno esperado e traga uma sensação de realização profissional. “Vale ouvir a opinião de quem mais o(a) conhece e será verdadeiro ao avaliar seus potenciais, avaliar também aquilo em que não é tão bom assim, ou mesmo tem sérias dificuldades. Ao conhecer o que pode ser um limitador, o processo de exclusão já ajuda a escolher a área em que vai investir suas energias e que lhe dará um retorno maior”, sugere a profissional.
Fazer ou não terapia?
Mas ao contrário do que se pode pensar, investir em autoconhecimento não quer dizer necessariamente que se tenha que fazer terapia. Existem outras formas de praticar o “conhece-te a ti mesmo”. “Praticar a atenção plena (mindfullness) ou meditação, por exemplo, ajuda a olhar para dentro de si. Observar sentimentos e sensações, focar sua atenção e esforços, conhecer o que é importante de verdade para você é um processo de autoconhecimento, autorregulação e autocontrole, mas não é psicoterapia”, destaca.
Outras formas de praticar o autoconhecimento, como elenca a psicóloga, são a escrita terapêutica, fazer uma atividade física regular e bem orientada e até ser voluntário em uma Organização da Sociedade Civil. “Tudo aquilo que irá ajudar você a parar um pouco e olhar para si e para o seu entorno pode promover o autoconhecimento”, defende Massimiliana Beserra.
Quem opta pela psicoterapia tem a chance de experimentar técnicas, testes e terapêuticas que são de uso exclusivo dos psicólogos. “É um processo rico, sem tempo definido, mas de crescimento e desenvolvimento pessoal que pode fazer com que a pessoa se depare com alguns entraves, obstáculos e turbulências que não havia se dado conta, mas que podem ser responsabilidade dela mesma. A partir daí virá todo o trabalho cuidadoso de como se perceber, se trabalhar e se refazer, algumas vezes até se reinventar, enquanto pessoa e profissional”, explica Massimiliana Beserra. “São muitos caminhos profissionais que podem ser trabalhados em um processo psicoterapêutico, desde que o profissional escolhido tenha como foco essa área de atuação, voltada para o trabalho”, completa.
Mudanças constantes
A sensação de que tudo está mudando rapidamente requer um reajuste de rotinas e práticas. Na vida profissional ou pessoal, as constantes mudanças pedem respostas cada vez mais rápidas. “Para compreender e ajustar-se a tudo isso, precisamos de um bom aporte de conhecimento próprio. Caso contrário, corremos o risco de não nos reconhecermos em muitas atitudes e de estarmos sobrecarregados com tantas demandas que nosso corpo e nossa mente podem nos pedir socorro − muitas vezes, por responsabilidade de emoções menosprezadas ou camufladas”, afirma a psicóloga. “Ao descobrir seu propósito, sua missão pessoal e conhecendo-se o suficiente para ir em busca de sua realização, o fardo se torna leve. As velas devem ser ajustadas para o seu destino. Não o destino de outros, que querem ou esperam de você, mas seguindo a sua própria bússola interna. Experimente! Descobrir-se é uma aventura que vale a pena viver”, finaliza Massimiliana Beserra.