A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, esteve na aldeia Gameleira, do povo Tapuya-Kariri, em São Benedito, no Ceará, para participar nesta quinta-feira (18) do encerramento de uma campanha de vacinação da população indígena promovida pelo Ministério da Saúde.
No evento, a ministra afirmou que "o ano de 2023 é um marco na história dos povos indígenas" no Brasil. "Conquistamos um ministério, pela primeira vez temos a Funai [Fundação Nacional dos Povos Indígenas] presidida por uma mulher indígena e, agora, temos a Sesai [Secretaria da Saúde Indígena], também, comandada por um indígena", comemorou.
O último órgão citado por Sônia é, aliás, comandado pelo cearense Weibe Tapeba, que também esteve presente no encerramento do Mês da Vacinação dos Povos Indígenas. "Levaremos a saúde indígena para onde as comunidades indígenas estão", garantiu Weibe.
O secretário destacou o trabalho desempenhado pelos profissionais da saúde "que cruzam essas terras para levar imunização a cada um desses povos" e afirmou que, no Ceará, o resultado da campanha de vacinação "foi muito positivo", levando a cobertura vacinal do Estado a um patamar "acima da média da população brasileira".
De acordo com o Governo do Estado, com dados do Distrito Sanitário Especial dos Indígenas (DSEI), em quatro meses, foram vacinadas 92,6% das crianças, 92% das mulheres em idade fértil e 86,3% dos idosos.
O Ceará tem, atualmente, 15 povos (etnias) e 22 terras indígenas, situadas em 19 municípios. São cerca de 36 mil indígenas em todo o estado, conforme a Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Ceará (Fepoince).
"Somos referência na imunização dos povos indígenas e iremos intensificar essa vacinação para que o nosso povo siga protegido", disse o governador Elmano de Freitas (PT), em mensagem transmitida durante o evento.
'A história do Brasil foi muito cruel'
Representando Elmano, que não compareceu à cerimônia, o assessor especial Artur Bruno, como a ministra Sônia Guajajara, também afirmou que o Brasil vive um momento histórico no que diz respeito a atenção à população indígena.
"Estamos vivendo um momento muito importante da história do Brasil e do Ceará. [...] A história do Brasil foi muito cruel com os povos indígenas, mas hoje, os povos do Ceará, unidos, têm se mobilizado em busca da saúde", disse Bruno.
A secretária dos Povos Indígenas do Ceará, Juliana Alves, a Cacika Irê, também citou o marco temporal. "Estamos vivendo um novo cenário. Estamos tendo uma reconstrução política brasileira. Nós, como Estado, temos a delegação de fazer com que nossos povos possam ser atendidos. Poder trazer autoridades das esferas municipais, estaduais e federais para dentro de um território indígena é muito importante", finalizou.