Quem é Gabriel Baggio Thomaz, o novo dono do domínio 'bolsonaro.com.br'

Informações biográficas e positivas sobre família do presidente foram substituídas por acervo de materiais críticos

O presidente Jair Bolsonaro (PL) perdeu o domínio do site que leva o próprio nome — bolsonaro.com.br — nesta semana. As informações biográficas e positivas sobre o candidato à reeleição e a família na plataforma foram substituídas. O atual dono do endereço eletrônico, Gabriel Baggio Thomaz, optou por publicar um acervo de textos, charges e fotos crítico ao político.

Ao entrar no endereço, o usuário se depara com uma ilustração de Bolsonaro vestindo um uniforme nazista — com faixa presidencial e bigode semelhante ao usado por Adolf Hitler — em meio a um campo de gados. 

Mas afinal, quem é Gabriel Baggio Thomaz, a pessoa por trás da iniciativa do novo 'bolsonaro.com.br'?  

Quem é Gabriel Baggio Thomaz?

Gabriel Baggio Thomaz, de 29 anos, é um curitibano formado em Filosofia e que não possui redes sociais. Segundo relatou á coluna Radar, vinculada à revista Veja, devido à área de graduação possui dificuldade em definir a própria ideologia, mas tem certeza de que é "anti-Bolsonaro".

Em 2021, durante uma pesquisa por oportunidades, ele decidiu analisar os domínios disponíveis no Registro.br — plataforma responsável pelas atividades de registro e manutenção de endereços com ".br" — e encontrou o endereço que leva o sobrenome do presidente disponível.

"Nem acreditei, mas estava lá", confessou. 

Ao procurar mais informações sobre a plataforma, o filósofo encontrou uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo sobre a página. Ela foi criada em 2002 e pertencia a uma empresa do Distrito Federal, mas era usada pelos membros da família Bolsonaro através de um ex-chefe de gabinete do presidente — o já falecido pai do atual ministro do Tribunal de Conta da União, Jorge Oliveira. 

 

Como o domínio estava inativo, o Registro.br avisou aos interessados e iniciou um processo competitivo para definir a propriedade do endereço. A espécie de leilão teve lance inicial de R$ 40, segundo o curitibano, e cerca de 20 pessoas participaram da ação, entre elas Gabriel. 

Inicialmente, ele não venceu a disputa. Na verdade, só conseguiu ganhar após o primeiro vencedor não efetuar o pagamento do valor prometido, provocando uma nova rodada competitiva em janeiro deste ano — quando o filósofo ofereceu a maior oferta. Ele não quis revelar a quantia desembolsada na ocasião. 

O curitibano não decidiu de imediato o que faria com o site, apenas observou que ele tinha um “potencial de comunicação grande”. A ideia de publicar as críticas contra Bolsonaro surgiu recentemente, segundo Gabriel.

Durante o tempo em que era dono do domínio e o mantinha inativo, ele esperou que alguém ligado à família do político entrasse em contato, mas isso não aconteceu. Conhecidos do filósofo chegaram a aconselhá-lo a vender o endereço para alguém do clã Bolsonaro, mas ele garantiu na entrevista que não faria isso. 

“Nenhum político falou comigo e eu nem procurei nenhum político”, detalhou. 

Desde que o endereço se tornou conhecido nacionalmente, nessa terça-feira (30), Gabriel passou a ser alvo de ameaças, e disse saber que pode ter os dados acessados pelas autoridades, mas decidiu seguir com o projeto. 

“Muita gente me disse que eu tinha tudo a perder. Eles têm essa estratégia do medo, mas é importante a sociedade civil se manifestar. Não podemos tolerar nenhum tipo de golpismo. A mensagem era muito importante, tinha que ser dita. A gente não pode ficar quieto”.

Ação no TSE e site instável

A campanha de Bolsonaro decidiu entrar com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) solicitando a derrubada do site, conforme informações do jornal O Globo. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, informou que acionou a Polícia Federal para apurar o caso.

Diante das possíveis repercussões legais, Gabriel se disse "atordoado", mas que nada fez de errado.

"Estou exercendo a minha liberdade de expressão e fazendo uso da minha propriedade privada”, declarou á Radar. 

Na manhã desta quinta-feira (1º), o Diário do Nordeste verificou que alguns usuários estão com dificuldade para acessar o endereço eletrônico. Em alguns casos, a mensagem "não é possível acessar esse site" é exibida para o internauta. 

O QUE TEM NO 'bolsonaro.com.br'

A plataforma se define, atualmente, como "uma galeria de arte digital e acervo jornalístico relacionado à família Bolsonaro". Além de críticas ao presidente expressas em imagens e textos, a página tem uma contagem regressiva para o fim deste mandato de Bolsonaro, que se encerra em 31 de dezembro.

No conteúdo, Bolsonaro é retratado como "ameaça ao Brasil". As publicações acusam o chefe do Executivo de "conspirar para enfraquecer a democracia", aplicar uma "política da morte" durante a pandemia de Covid-19 e o apontam como expoente do "neofascismo mundial".  

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