A Federação PT, PCdoB e PV quer ampliar a base do governador Elmano de Freitas (PT) com a formação de um bloco parlamentar que agregue partidos com menor representação na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece). Em paralelo, siglas de oposição ao petista já bateram o martelo na direção contrária à formação de um bloco parlamentar, a fim de garantir espaço nas discussões no plenário da Casa - ainda que isso diminua a participação nas comissões.
Ao todo, a federação PT, PCdoB e PV tem 9 parlamentares na Assembleia e tenta atrair o Avante (que tem 1 deputado), o PMN (1), PSD (3) e da federação PSDB-Cidadania (2) para a formação de um bloco partidário.
A medida busca fortalecer a base do governador Elmano, que teria mais deputados alinhados às matérias enviadas pelo Poder Executivo. Além disso, petistas ressaltam que a formação de um bloco fortalece as siglas menores, já que sozinhas elas não têm expressividade para assegurar membros titulares em comissões importantes da Casa.
As vagas nas comissões permanentes da Assembleia são distribuídas de acordo com o tamanho das bancadas eleitas. Ou seja, partidos, federações ou blocos com mais parlamentares acabam ficando com mais assentos.
Atual líder do PT na Assembleia, o deputado De Assis Diniz afirmou que as articulações com os partidos devem ser fechadas ainda nesta semana. Caso um bloco seja formado pelas agremiações, um novo líder será escolhido para representar todos do bloco parlamentar.
Para a deputada Emília Pessoa (PSDB), a medida pode beneficiar a federação PSDB-Cidadania, tendo em vista que apenas duas parlamentares foram eleitas para a Casa e elas desejam ocupar vagas titulares de comissões importantes da Casa, como a de Educação, por exemplo.
"Isso é interessante porque, regimentalmente, as comissões são preenchidas de acordo com o número de eleitos dentro dos seus respectivos partidos. De cara, o PSDB-Cidadania já fica em desvantagem nessas discussões. Então, a gente está querendo aquecer essa discussão para poder atuar ativamente", destaca.
Apesar de cogitar a entrada no bloco, Emília faz ressalvas sobre integrar a base do Governo. Caso o acordo vingue, ela alega que continuará mantendo uma posição de independência no Parlamento em relação ao Poder Executivo.
"Isso não interfere nas discussões, convergência ou divergência das pautas. Isso não interfere no nosso comportamento em absolutamente nada. O blocão é para assegurar a participação daqueles partidos que estão em menor número"
Movimento contrário
Em paralelo, siglas de oposição cogitaram formar um bloco, mas decidiram manter a independência de cada partido. É o caso do PL e do União Brasil.
Diferente de partidos que elegeram apenas um ou dois deputados - como é o caso do Avante e da federação PSDB-Cidadania -, o PL e o União Brasil estão empatados com a terceira maior bancada do Parlamento Estadual. Cada agremiação elegeu quatro deputados.
De acordo com o deputado Carmelo Neto (PL), ainda que os partidos tenham um alinhamento "natural" por fazerem oposição ao governador Elmano de Freitas, eles perderiam tempo regimental destinado ao discurso de lideranças partidárias.
"Discutiu-se muito a possibilidade de formar um bloco com o União Brasil. Seriam 8 deputados e teria que ter um líder e uma vice-liderança. Ou seja, você perderia um tempo de líder. Tem o tempo de liderança aqui na Casa, que só pode se inscrever o líder do partido (ou do bloco) ou quem ele ceder. Como tem um líder no União Brasil e um líder no PL, a gente tem dois tempo de liderança. Então, estrategicamente, a gente consegue ocupar mais espaço (nas discussões). Mas existe um bloco informal, natural, daqueles que estiveram juntos na eleição"