PF prende bolsonarista que postou 'empresário quer pagar por cabeça de Alexandre de Moraes'

A ordem foi expedida no âmbito do inquérito sobre os atos antidemocráticos do 7 de Setembro

Foi preso pela Polícia Federal neste domingo (5), em Santa Catarina, o bolsonarista Márcio Giovani Niguelatti, conhecido como Professor Marcinho. A ordem foi expedida no âmbito do inquérito sobre os atos antidemocráticos do 7 de Setembro. As buscas e prisões ocorrem desde a última sexta-feira (3). 

Em transmissão ao vivo nas redes sociais, o bolsonarista disse haver um empresário "grande" oferecendo dinheiro pela "cabeça" do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, "vivo ou morto". 

"A partir de hoje temos um grupamento que nós vamos caçar ministro (do Supremo) em qualquer lugar que eles estejam. Portugal, Espanha, China, onde eles estiverem", disse Nigue na gravação que circula nas redes sociais.

"Tem brasileiro já vendo já. […] Não vou falar agora quem é, pode me torturar, mas tem um empresário grande que tá oferecendo, tem até uma grana federal que vai sair o valor pela cabeça do Alexandre de Moraes, vivo ou morto, pra quem trazer ele. Agora no Brasil, os ministros do STF vai (sic) ser assim, vai ter premio pela cabeça deles".  

Prisões e buscas ocorrem desde sexta-feira 

A Procuradoria-Geral da República relatou ao ministro Alexandre de Moraes que há fortes indícios sobre a continuidade da preparação de atos antidemocráticos para o 7 de setembro e pediu prisões, buscas e bloqueio de contas bancárias de supostos financiadores.

As medidas foram autorizadas pelo ministro e são cumpridas pela Polícia Federal desde a sexta contra apoiadores do presidente que estão organizando e arrecadando fundos para a realização das manifestações.

As ações são desdobramento da investigação aberta pela PGR e que mirou o cantor Sérgio Reis e o deputado Otoni de Paula (PSC-RJ), no fim de agosto.

Mais alvos

Nesta segunda, a casa de Gilmar João Alba (PSL), prefeito de Cerro Grande do Sul (RS), flagrado com R$ 505 mil em dinheiro no Aeroporto de Congonhas (SP) em 26 de agosto, foi alvo de busca da PF. Os investigadores também estiveram no prédio da Prefeitura e buscam explicação para a origem dos valores apreendidos com o prefeito.

A investigação foi solicitada pela CPI da Covid, que levantou a suspeita de o dinheiro apreendido ter como destino o financiamento dos atos de 7 de setembro.

Ao pedir as diligências, a PGR disse que era preciso ouvir Alba para ele explicar uma possível "ligação com o sindicato nacional dos caminhoneiros e com Aprosoja".

A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) também foi alvo de busca e apreensão nesta segunda. A suspeita de que a associação seja financiadora dos atos levou Moraes a autorizar o bloqueio de saques nas contas da entidade e dos fundos integrados por ela até quarta-feira (8).

A medida, diz a decisão do ministro, teria como base a existência de uma "suposta atuação mediata que se daria por meio de ativos alocados em pessoas jurídicas para o financiamento dos investigados e de atos antidemocráticos".

Outro preso foi Cassio Rodrigues de Souza, que se apresenta na redes sociais como policial militar e falou em morte para Moraes em suas redes sociais.

Ameaças constantes 

Relator de inquéritos e processos que miram o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Alexandre de Moraes é um dos maiores alvos dos apoiadores do chefe do Executivo, recebendo ataques e ameaças constantes.

Como mostrou o Estadão, as ofensas e ameaças a Alexandre levaram um publicitário à delegacia na última sexta, alvo de um boletim de ocorrência por injúria.

O procedimento foi registrado por um homem que integra a escolta pessoal do ministro, que disse à Polícia ter presenciado, na portaria do Clube Pinheiros, Alexandre da Nova Forjas chamar o magistrado de ‘careca ladrão’, "advogado do PCC", "vamos fechar o STF" e "careca filha da p..".