Deputados de oposição criticaram, nesta quarta-feira (5), o governador Elmano de Freitas (PT) pela comparação do salário dos professores das universidades estaduais do Ceará com a renda da população do Ceará para avaliar como injusta a greve dos docentes.
Em entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste, o petista alegou que os docentes ganham, em média, R$ 14 mil e "não é justo esse professor de R$ 14 mil não dar aula para um aluno que a família dele ganha R$ 1.400, 1.500, R$ 2.000". Nesta quarta-feira (5), ele voltou a tocar no assunto, reforçando o respeito aos profissionais, mas avaliando que as motivações para a continuidade do movimento grevista "não se justificam".
"Sempre tive e sempre terei absoluto respeito e admiração pelos professores. Na rede estadual de Ensino Superior, nossa média salarial é de 14 mil reais, o que considero justo e legítimo. O que não concordo, sinceramente, é um movimento grevista cujas motivações não se justificam, prejudicando milhares de estudantes. Sempre estarei aberto ao diálogo, franco e respeitoso", escreveu o mandatário na rede social X.
O movimento paredista de professores da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e da Universidade do Vale do Acaraú (UVA) já completou dois meses. Eles solicitam correções salariais e melhorias estruturais nos espaços das universidades, recomposição orçamentária, reestruturação de carreira, entre outras medidas.
Repercussão
Na sessão desta quarta-feira, o deputado Cláudio Pinho (PDT) utilizou parte do seu tempo na tribuna da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) para criticar a postura do gestor.
"O governador agora resolveu atacar os professores universitários, que diz que não é justo um professor ganhar R$ 14 mil e não querer dar aula para a família que ganha R$ 1.400. R$ 14 mil para quem tem doutorado, para quem se dedica, para tirar os jovens ou quem frequenta a universidade 1.400... Os professores não estão querendo só isso, não, eles querem infraestrutura, melhoria estrutural para poder passar o conhecimento para os alunos. Os laboratórios estão sucateados, as universidades estaduais se acabando", afirmou Pinho.
Em aparte, o deputado Sargento Reginauro (União) também criticou a postura do governador e disse que o orçamento das universidades estaduais vem diminuindo em relação ao orçamento do Estado ao invés de aumentando.
"Tem uma outra fala do governador que não condiz com a realidade: é que o orçamento das universidades triplicou. Eu estou aqui com a avaliação desde 2015, primeiro ano do governo Camilo até o ano de 2023. Em 2015, o orçamento das três universidades estaduais juntas significava 2,5% de tudo que foi gasto no Estado do Ceará. Em 2023, último ano da gestão Camilo, isso significou 1,6% de tudo que foi gasto. Então, houve um decréscimo do investimento das três universidades estaduais do Ceará", ressaltou.
Logo após os discursos, o deputado De Assis Diniz (PT) subiu à tribuna para dizer que o governador, em momento algum, falou que o salário dos professores universitários era "alto", mas, sim, justo.
"Onde foi que o governador disse, no seu texto, que o salário era alto? Ele disse que era justo. Aí para aquela bolha da desinformação, da construção da fake news, o governador falou que o salário era alto. Primeiro, o governador recebeu a comissão, recebeu no Iguatu, na vinda do Lula. Depois, recebeu em Sobral... Segundo, a comissão foi recebida no Palácio pelo deputado Missias (Dias) e o deputado Guilherme (Sampaio). Depois, deram continuidade à pauta com o secretário Miguel Braz, fizeram um acordo, foi acordado (a continuidade das negociações). Inclusive, na pauta dos pontos específicos da greve seria constituído uma mesa de negociação permanente para dar continuidade as demais questões", ressaltou o petista.
Líder do Governo Estadual na Casa, o deputado Romeu Aldigueri (PDT) ressaltou que já se reuniu com o movimento paredista e continua aberta ao diálogo para negociar com os docentes. Todavia, nem todos os pontos podem ser atendidos imediatamente, por isso alguns ficariam sendo tratado pela mesa de negociação permanente.
"A liderança do governo já esteve com o movimento grevista mais de uma vez... Fizemos um acordo, que foi assinado pelo movimento, tivemos o apoio de uma das três universidades estaduais e estamos abertos ao diálogo todo dia", frisou Aldigueri.