'O Estado não pode desconsiderar que o povo tem muita fé', diz Elmano sobre Bíblia nas escolas

Governador ressaltou que serão comprados livros sagrados de outras religiões além da cristã, mas seguindo 'proporção'

O governador Elmano de Freitas (PT) defendeu, nesta sexta-feira (16), a decisão de colocar bíblias nas escolas da rede de ensino estadual, aprovada na última quarta-feira (14) pela Assembleia Legislativa do Ceará (Alece). "É justo que tenha, é bom que tenha. Eu não conheço alguém que, por praticar muito uma religião, ficou uma pessoa pior", argumentou o petista em entrevista exclusiva ao PontoPoder Contexto. A entrevista completa com o governador Elmano de Freitas vai ao ar neste sábado (17), a partir das 21 horas, na Verdinha FM 92.5. 

"Como cidadão, eu espero que muitos (estudantes) leiam e leiam muito. Porque tenho certeza que, ao ler, só fará bem. Tenho absoluta convicção que o povo cearense pensa assim. O Estado não pode ter uma religião, mas o Estado não pode desconsiderar que o povo tem muita fé".
Elmano de Freitas
Governador do Ceará

Ele reforçou que não será apenas a bíblia que será colocada nas bibliotecas de instituições de ensinos — livros sagrados de outras religiões também serão incluídos na lista. Indagado se o Estado destinará orçamento para a medida, Elmano pontuou que o Governo do Ceará "já compra livro". "O Governo do Estado compra livro de literatura, de matemática, de português, vai comprar livros religiosos. Agora, eu não vou desconsiderar que 80%, 90% do povo cearense é cristão. Evidentemente, é normal que eu tenha mais jovem querendo pegar a bíblia do que querendo pegar uma Torá. Então, eu tenho que ter uma proporção", explicou.

O projeto de indicação aprovado por deputados estaduais é de autoria do Apóstolo Luiz Henrique (Republicanos). Foi ao lado dele que, na abertura do Congresso Ceará Pentecostal, Elmano de Freitas prometeu que "as bíblias serão compradas e serão colocadas nas escolas do Estado". Na ocasião, ele não fez referência a livros sagrados de outras crenças. 

"Eu estava em um Congresso de cristão, eu vou falar em um congresso de cristão... É como se a pessoa quisesse que fosse em uma celebração de campeonato do Fortaleza, dizer que vou fazer uma homenagem ao Ceará. Eu sou da política", comparou. Ao ser votado na Alece, foi incluída emenda que trata de livros sagrados de outras religiões. 

"Como é que uma pessoa, em sã consciência, tranquila, sem estar afim de brigar com os outros, acha que é um problema ter uma bíblia ou um livro de outra religião na biblioteca? Ninguém está dizendo que vai pegar alguém, arrastar a força e dizer 'sente aí, você tá obrigado a ler'. Se a pessoa quiser ir na biblioteca, ela vai ter livro de literatura, vai ter livro de química, de matemática e, por ventura, também terá a bíblia. Qual o mal que isso pode causar a escola ou a nossa juventude? Eu só acho que pode ser bom", disse.