Presidente de associação de PMs diz, em depoimento à CPI, que não financiou motim em 2020 no CE

Presidente da Associação dos Profissionais de Segurança, Cleyber Araújo é o primeiro a depor em CPI: "Não participamos, não financiamos"

O presidente da Associação dos Profissionais de Segurança (APS), Cleyber Araújo, é o primeiro convidado a depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Ceará que investiga possível envolvimento de associações militares no motim de policiais que aconteceu no Ceará em 2020. O depoimento ocorre nesta terça-feira (5). 

Antes de iniciar, Cleyber Araújo afirmou esperar que a presença na CPI sirva para "sanar qualquer dúvida" e garantiu que não houve participação da APS na paralisação. 

"Em relação à participação da associação na paralisação: nós não participamos, nós não motivamos, nós não financiamos. (...) Há diversa documentação que inclusive já foi enviada para a CPI que comprova exatamente isso", disse. 

Cleyber Araújo foi convidado após requerimento do relator da CPI, Elmano Freitas (PT), e do Soldado Noélio (UB), único deputado da oposição na CPI.  

Adiamento

A CPI havia agendado o depoimento de Cleyber Araújo para o último da 29 de março. Contudo, ele não compareceu. Por meio do seu advogado, Araújo enviou um ofício com um atestado médico anexado alegando estar com sintomas de síndrome gripal.

Para recuperar o tempo, duas oitivas devem ser realizadas nesta semana. Além do depoimento de Araújo na sessão desta terça, os deputados estaduais também devem ouvir o vereador Sargento Reginauro nesta quarta-feira (6). O parlamentar presidia a APS na época do motim. 

Durante as oitivas, os deputados que integram a CPI poderão realizar questionamentos aos depoentes – com limitação de tempo. Parlamentares estaduais que não compõe a comissão também podem se inscrever para realizar perguntas. 

Apenas o relator da CPI, deputado Elmano Freitas (PT), deve ter tempo ilimitado para questionamentos. 

Indícios

Elmano Freitas disse, após reunião da comissão na última semana, que a CPI tem informações de quebras de sigilo bancário que apontam indícios de que recursos tenham sido aplicados de maneira indevida pelas entidades e de que uma ou mais associações tenham participado e chegado a financiar os motins provocados pelos agentes de segurança.

A Comissão, porém, quer ouvir os envolvidos para analisar outras hipóteses para a aplicação dos recursos. 

Mobilizações por 'reestruturação salarial'

O deputado estadual Elmano de Freitas foi o primeiro a questionar Cleyber Araújo. Dentre as perguntas, o parlamentar indagou sobre a participação da APS nos protestos realizados em dezembro de 2019 quanto à reestruturação salarial de agentes de segurança do Estado. 

Cleyber Araújo confirmou que a associação financiou transportes para levar os militares até o protesto, realizado em frente à Assembleia Legislativa do Ceará. Ele, no entanto, negou que fosse protestos.

"Tivemos encontros convocados por parlamentares. A gente participou sim, mas eram movimentos legais ordeiros, não existia não recomendação por parte do comando da Polícia Militar, do Ministério Público, de ninguém. Não é protesto", disse.

 A deputada Augusta Brito (PT) também se manifestou e disse que entende que a conduta de financiar o transporte é "ilegal". Ela mostrou ainda notas fiscais dos transportes financiados pela APS para as mobilizações no final de 2019.