O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) criticou as mudanças promovidas pelo governador Elmano de Freitas (PT) na estrutura administrativa do Governo do Ceará. Essa é uma das primeiras falas do pedetistas sobre a gestão estadual. Candidato derrotado nas últimas eleições para a Presidência da República, Ciro também reclamou das políticas econômicas do Governo Lula (PT).
As críticas do pedetista tiveram como alvo a criação de novos ministérios e secretarias, por Lula e Elmano, respectivamente. O ex-ministro reclamou que governos brasileiros criam “políticas sociais compensatórias” para disfarçar ações “neoliberais”. Ciro comandou uma palestra sobre segurança pública nesta quarta-feira (21), na sede da Ordem dos Advogados do Brasil Secção Ceará (OAB-CE).
“No Brasil, se vendeu o Bolsa Família como progressismo. Serve para duas coisas: mitigar a fome, o que é verdadeiro, portanto, tem mérito, mas serve para anestesiar a reação das massas à injustiça e iniquidade”, disse.
Ciro ainda disse que uma parte da estratégia neoliberal é “simplificar” agendas.
“Vou para uma agenda identitária que é extremamente simpática. Lula tem 34 ministérios: dos Direitos Humanos, dos Índios, dos Negros, o Elmano copiou aqui, mandou para a Assembleia a criação de 15 secretárias, no Ceará. Pelo amor de Deus! Eu fui governador, 15 secretarias novas no Ceará. Tem a de Direitos Humanos, dos Quilombolas, dos Indígenas. Quer dizer que isso aqui não é importante? Não, quer dizer que é muito importante, mas caramba”, criticou.
O pedetista ainda tomou como exemplo a suposta criação de uma Secretaria de Interlocução Religiosa no Ceará. “(Elmano) criou a Secretaria de Interlocução Religiosa aqui no Ceará e nomeou meu amigo Walter Cavalcante, um católico empedernido, então os umbandistas disseram ‘e a minha religião?’, aí tem que criar uma secretaria da religião umbanda, aí os evangélicos vão dizer, pera aí”, queixou-se Ciro.
Atualmente, Walter Cavalcante é Assessor Especial de Assuntos Institucionais, na Casa Civil. Não há, na estrutura administrativa do Governo do Ceará, a Secretaria de Interlocução Religiosa. Também não há uma secretaria voltada especificamente à população quilombola no Estado.
Críticas à política econômica de Lula
Ciro também comentou sobre a política econômica de Lula neste primeiro ano de mandato. Ele equiparou o novo arcabouço fiscal discutido pelo Congresso ao atual teto de gastos, que funcionariam sob lógica semelhante, mas com aplicação diferente.
“Aqui no Brasil, a despesa principal, que são 52% do orçamento, não está no alcance nem do teto de gastos, nem do arcabouço fiscal. Porque o arcabouço fiscal é defensável? Porque é aquela história: meteram um bode fedorento na sala, que é o teto de gastos, e o arcabouço fiscal tira o bode fedorento. A casa está imunda, infiltração de água, mas a gente passa a chave. Está muito boa a casa porque tiraram o bode”, disse.
A taxa de juros segue como objeto de críticas de Ciro, embora o presidente Lula também apresente incômodo com esse cenário. Para o ex-ministro, o mandatário “aceita a autonomia do Banco Central (Bacen)”, mesmo com desempenho aquém do esperado.
“1% da Selic é R$ 60 bilhões. Sabe quanto é a Selic hoje? 13,75%. Isso dá R$ 1 trilhão de juros, e é o mesmo dinheiro de onde sai dinheiro para professor, para policial, para saúde, para tapar buraco de estrada”, comentou.