A morte de um homem durante confronto com a Guarda Municipal na madrugada desta quarta-feira (18) na feira da rua José Avelino, no Centro de Fortaleza, tensionou o clima entre vereadores durante sessão na Câmara Municipal. O prefeito José Sarto (PDT) e o governador Camilo Santana (PT) informaram que já há processo administrativo e inquérito da Polícia Civil para apurar o caso.
Não há informações oficiais sobre o perfil da vítima e nem a causa da morte. Porém, ambulantes denunciam que o homem teria sido atingido por um tiro vindo dos agentes.
Na tribuna da Casa, os parlamentares de oposição e da base do Governo se dividiram em criticar a gestão do prefeito Sarto no que diz respeito ao comércio de rua na região e em defender o Executivo, argumentando que é preciso esperar o resultado das investigações.
Repercussão na Câmara
O vereador Professor Enilson (Cidadania), que é ex-policial militar e um dos vice-líderes do Governo na Câmara, argumentou que ainda não há provas de que o disparo tenha sido feito pelos agentes.
“Muitas vezes, a força de segurança é um limite íngreme entre o caos e a ordem. A Guarda não está lá para reprimir nem ir contra o trabalhador, e sim para manter a ordem. Sabemos que tem o problema de ordenamento daquela feira”, disse o parlamentar.
O vereador Márcio Martins (Pros), que é líder da oposição, por sua vez, lembrou que a feira da rua José Avelino é motivo de tensão constante na Capital.
“Quanto tempo faz que há essa batalha na José Avelino? Não é a primeira vez que alguém é violentado lá. Dessa vez alguém perdeu a vida, alguém vai ter que responder. De quem foi a ordem? A bala realmente foi da Guarda Municipal? Alguém tem que responder”.
Por outro lado, o líder do Governo, vereador Gardel Rolim (PDT), também argumentou que é necessário aguardar o resultado das investigações.
“Os feirantes estavam preparados para o confronto, e foram para cima da Guarda com rojão, com pau e com pedra. Todos estão imbuídos, por determinação do prefeito, de entender e averiguar o que houve", destacou Gardel.
Por meio das redes sociais, o vereador Carmelo Neto (Cidadania), que é aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), disse que conversou com a ministra Damares Alves (Direitos Humanos) a respeito do episódio e que ela demonstrou interesse em viajar ao Ceará para tratar do assunto.
Executivo
O governador Camilo Santana (PT) lamentou o ocorrido na área da feira da José Avelino e confirmou que a Polícia Civil já instaurou um inquérito para investigar a situação.
O inquérito deverá ser feito com todo o rigor e absoluta isenção. Ressalto que é preciso que se busque uma solução pacífica para a questão do ordenamento da área, com muito diálogo e respeito.
O chefe do Executivo Estadual disse ainda que "o confronto nunca será o melhor caminho. Minha solidariedade às vítimas".
O prefeito José Sarto (PDT) também se manifestou sobre o caso, e informou ter determinado abertura de processo administrativo apurar "possíveis excessos" na dispersão dos feirantes da José Avelino.
Estabeleci prioridade máxima para, juntos, encontrarmos uma alternativa digna para os ambulantes que ocupam o entorno da rua José Avelino. Uma solução que respeite o uso e a ocupação dos espaços públicos e o decreto de isolamento social em vigor.
— Sarto (@sartoprefeito12) August 18, 2021
Ordenamento
Mais cedo, o secretário municipal da Segurança Cidadã (Sesec), Coronel Holanda, afirmou que os agentes foram ao local antecipadamente para orientar e pedir a remoção das barracas em cumprimento ao decreto de enfrentamento à Covid-19. Contudo, os ambulantes não atenderam ao apelo, o que teria gerado as cenas de violência.
"As imagens são muito claras. As ruas ficaram tomadas de pedras, muitos rojões foram atirados, barras de ferro e tapumes arrancados. Foi um cenário muito triste. A gente lamenta muito, mas fica sempre à disposição em manter um canal de diálogo", disse.