De olho em 2022, o ex-presidente Lula já desembarcou no Nordeste e deve chegar ao Ceará na próxima sexta-feira (20). Entre as principais apostas da agenda, está o encontro com o governador Camilo Santana (PT) e a discussão sobre o cenário nacional com lideranças de partidos aliados. Esta é a primeira vez que o ex-presidente vem ao Ceará após ser apontado como pré-candidato petista ao Palácio do Planalto no próximo ano.
A visita ao Ceará é aguardada com expectativa pelos petistas do Estado. A exemplo do que ocorreu na passagem por Pernambuco, o principal foco devem ser o enfrentamento ao governo Bolsonaro e a discussão do cenário para 2022. Contudo, parlamentares cearenses também querem discutir o cenário local e o futuro da aliança entre PT e PDT no Ceará.
O Ceará é o quarto estado nordestino a ser visitado por Lula nessa passagem pela região. Ele encerrou a visita à Pernambuco nesta segunda-feira (16), após dois dias de articulação política e encontros com movimentos sociais e populares. De lá, segue para o Piauí.
Compromissos no Ceará
O ex-presidente Lula chega ao Ceará no final da tarde da sexta e permanece até a segunda-feira (23). Os detalhes da agenda oficial no Estado ainda estão sendo fechados, mas alguns compromissos foram confirmados.
No sábado pela manhã, Lula deve visitar o Porto do Pecém acompanhado do governador Camilo Santana. Logo após, Camilo deve oferecer um almoço para Lula. As reuniões com lideranças partidárias devem ocorrer apenas na segunda, no hotel onde o ex-presidente ficará hospedado.
Devem ser recebidos os dirigentes de partidos progressistas, como o Psol e o PCdoB, assim como de legendas aliadas - caso do MDB, de Eunício Olveira. Parlamentares do PDT também foram convidados, mas ainda não há confirmação se essa reunião ocorrerá.
Relação com o PDT
No Ceará, a aliança entre PDT e PT - tendo como principal fiador o governador Camilo Santana - é um dos principais gargalos nas articulações de Lula para 2022. Isso, porque com a pré-candidatura à presidência confirmada, Ciro Gomes (PDT) tem feito sucessivos ataques ao ex-presidente e ao PT - atraindo antipatia de setores nacionais e locais da legenda petista.
O deputado federal José Airton (PT) é um dos que querem levar a conjuntura estadual para a mesa de conversas com Lula - principalmente quanto à sucessão do governador Camilo Santana.
"É um grande equívoco de uma parte dos petistas do Ceará defender que o PT entregue a cabeça de chapa para o PDT. Sou contra essa posição e defendo que nós não podemos abrir mão de ter um palanque leal ao presidente Lula no Ceará", afirma.
Vice-presidente nacional do PT, o deputado federal José Guimarães diz que a discussão sobre 2022 é inevitável, mas o foco é nacional. "O Lula não vai para os estados discutir problemas locais. Os problemas locais não podem embarrerar a discussão nacional", explica.
Foco no combate à crise
Guimarães acompanhou a visita de Lula a Pernambuco e deve seguir para o Piauí, onde o ex-presidente desembarca nesta terça-feira (17). Apesar da eleição estar no radar, o foco é outro, explica ele. "Os temas centrais das conversas são relacionados à crise que o Brasil está vivendo e à necessidade das forças políticas estarem juntas na busca de saídas", explica.
Na noite do domingo (15), Lula jantou no Palácio das Princesas, sede do governo de Pernambuco, junto com o governador do Estado, Paulo Câmara (PSB), e o prefeito de Recife, João Campos (PSB), além de outras lideranças do PSB. Apesar da aliança histórica do PSB e do PT no Estado, as eleições de 2020 criaram tensionamentos entre os dois partidos.
Na disputa pela Prefeitura de Recife, João Campos enfrentou a prima e petista Marília Arraes. Durante a campanha, o filho de Eduardo Campos usou da retórica anti-petista, o que acabou tendo impacto na relação entre as duas legendas.
Entretanto, segundo Guimarães, a meta agora é "olhar para frente". "O momento que estamos passando exige muita unidade. A palavra de ordem é diálogo, diálogo, diálogo", completa.
Encontro com movimentos populares
Para encerrar a agenda em Pernambuco, Lula participou de um ato cultural com movimentos sociais, movimentos sindicais e influenciadores digitais - evento restrito devido às regras sanitárias. O ex-presidente visitou, ainda na manhã da segunda, um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
No Ceará, também devem ocorrer compromissos semelhantes. Um encontro com movimentos culturais e influenciadores digitais deve ser agendado para a sexta ou o sábado. No domingo, o ex-presidente deve descansar.
"As atividades vão ser muito restritas, por conta do cuidado que ele quer demonstrar em relação às regras sanitárias. Não tem circulação por vários municípios, não tem grandes eventos. Agendas muito simbólicas, mas muito restritas", detalha o presidente do PT Fortaleza, Guilherme Sampaio.