O ex-ministro Guido Mantega deixou na tarde desta quinta-feira (17) a equipe de transição do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele estava no time de Orçamento e Planejamento e saiu alegando que os adversários políticos estão explorando um processo que enfrenta no Tribunal de Contas da União (TCU).
A informação foi noticiada pela colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo. Guido enviou uma carta de renúncia (veja íntegra abaixo) ao vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, que coordena a transição.
Na carta, Mantega disse que aceitou o convite para a equipe de transição com alegria e alegou que adversários políticos tentam tumultuar a transição e criar dificuldades para o novo governo.
"Em face de um procedimento administrativo do TCU, que me responsabilizou indevidamente, enquanto ministro da Fazenda, por praticar a suposta postergação de despesas no ano de 2014, as chamadas pedaladas fiscais, aceitei trabalhar na equipe como colaborador não remunerado, sem cargo público, para não contrariar a decisão que me impedia de exercer funções públicas por oito anos", diz ele.
Mesmo assim essa minha condição estava sendo explorada pelos adversários, interessados em tumultuar a transição e criar dificuldades para o novo governo
Conforme a assessoria de imprensa da transição, Geraldo Alckmin ligou para Mantega e agradeceu o gesto.
Processo no TCU
Guido responde a processo no TCU pela prática de 'pedaladas fiscais' durante o governo Dilma. Em 2016, ele foi inabilitado de assumir cargos ou funções de confiança na administração pública por 5 anos. O ex-ministro também foi multado em R$ 54 mil.
Respondendo a recurso, em 2018, o TCU aumentou a multa para R$ 60 mil e ampliou de cinco para oito anos o período de inabilitação.
Guido foi ministro do Planejamento no governo Lula e da Fazenda nos governos Lula e Dilma Rousseff. Ele foi anunciado para o time da transição na semana passada.
Leia a íntegra da carta enviada por Guido Mantega
Prezado Vice-presidente
Geraldo Alckmin
Coordenador Geral da Equipe de Transição
Aceitei com alegria o convite para participar do Grupo de Transição, na certeza de poder dar uma contribuição para a implantação do governo democrático do presidente Lula.
Entretanto, em face de um procedimento administrativo do TCU, que me responsabilizou indevidamente, enquanto ministro da Fazenda, por praticar a suposta postergação de despesas no ano de 2014, as chamadas pedaladas fiscais, aceitei trabalhar na Equipe como colaborador não remunerado, sem cargo público, para não contrariar a decisão que me impedia de exercer funções públicas por 8 anos.
Mesmo assim essa minha condição estava sendo explorada pelos adversários, interessados em tumultuar a transição e criar dificuldades para o novo governo.
Diante disso, resolvi solicitar meu afastamento da Equipe de Transição, no aguardo de decisão judicial que irá suspender os atos do TCU que me afastaram da vida pública. Estou confiante de que a justiça vai reparar esse equívoco, que manchou minha reputação.
Agradecendo a confiança,
Atenciosamente,
Guido Mantega