Ex-prefeito Arnon Bezerra é alvo de quatro operações da PF em Juazeiro do Norte; relembre

Gestão entre 2017 e 2020 teve investigações por compra de votos, coação de servidores, fraude em licitação e uso da máquina pública

Endereços ligados ao ex-prefeito de Juazeiro do Norte Arnon Bezerra (PDT) foram alvos da Operação Fruto de Espinho 2, da Polícia Federal, na manhã desta terça-feira (7), em Juazeiro do Norte, Fortaleza e em Jati. A ação é um desdobramento de um inquérito eleitoral que apura desvios na compra de livros didáticos em 2018, na Secretaria de Educação.

A gestão de Arnon Bezerra (2017-2020) é alvo de recorrentes ações da PF, que também investigam compra de votos e coação de servidores durante as eleições de 2018, na qual seu filho Pedro Bezerra (PTB) foi eleito deputado federal.

Nesta terça-feira, quinze policiais federais cumpriram três mandados de busca e apreensão expedidos pela 16ª Vara da Justiça Federal. Computadores e o aparelho celular do ex-prefeito foram apreendidos pela PF. 

Ainda segundo as autoridades policiais, os envolvidos poderão responder por crimes como lavagem de dinheiro, estelionato qualificado, corrupção ativa e passiva e peculato.

A defesa do ex-prefeito, por telefone, disse que Arnon recebia "com surpresa" as acusações e que se defenderá nos autos do processo. O deputado Pedro Bezerra afirmou que sabia "pouco" acerca da operação. 

Fruto de Espinho 2

Nesta segunda fase da operação, chamada de Fruto de Espinho 2, decorre a análise do material apreendido na primeira fase.

Os agentes também investigam corrupção e lavagem de dinheiro na compra de apartamentos no bairro Lagoa Seca, área nobre de Juazeiro do Norte, e destinação de unidades ou equivalente em dinheiro, como forma de propina a Arnon Bezerra.

As investigações continuam com análise do material apreendido na operação policial.

Histórico

Os desdobramentos da mais recente operação são frutos de investigações que iniciaram em 2019. A PF apura indícios de esquema que teria beneficiado em R$ 6,2 milhões uma empresa após possíveis fraudes em licitação entre 2017 e 2018, em Juazeiro do Norte.

À época, Arnon Bezerra era prefeito do município e seu filho, Pedro Bezerra, foi eleito deputado federal. As operações, no entanto, miraram servidores membros de secretarias.

Em julho de 2020, a Polícia Federal havia deflagrado a primeira fase da operação. Denominada Fruto de Espinho, a ação ocorreu juntamente com as operações Quadro Negro e Beremiz, todas para investigar atuação de três grupos criminosos em processos licitatórios realizados pela Secretaria de Educação de Juazeiro.  

Na ocasião, mais de 120 policiais federais e auditores da CGU participam das operações no cumprimento de 31 mandados de busca e apreensão no Ceará, incluindo a capital cearense, e os municípios de Irauçuba, Bela Cruz e Barbalha, além de Belém (PA) e São Paulo.

Segundo as investigações, os grupos estão interligados, sendo compostos por servidores públicos e empresários que burlaram processos licitatórios a partir do direcionamento de compras superfaturadas de kits de livros didáticos, paradidáticos e implantação de solução gameficada de matemática para a rede pública daquele município.

A operação Quadro Negro investiga fraude em licitação por meio da qual foram contratadas duas empresas de fachada para o fornecimento de kits de livros paradidáticos destinados aos alunos da rede pública municipal de ensino, com recursos provenientes do Fundeb, ao custo de R$ 9,4 milhões.

A Beremiz apura a compra direta, também por inexigibilidade de licitação, de livros paradidáticos de matemática, denominados com aplicativo digital, ao valor individual de R$ 290, cujos indícios apontam para o direcionamento de contratação do produto superfaturado, no valor global de R$ 2,2 milhões, fornecido por uma startup, com sede no estado do Pará.

Operação Graham Bell

Em dezembro de 2018, a Polícia Federal deflagrou a segunda fase da Operação Voto Livre, denominada Operação Graham Bell, que apura a compra de votos e coação de servidores para eleger o deputado federal Pedro Bezerra.

Segundo a Polícia, o deputado teria vencido a eleição de 2018 utilizando a máquina pública e coagindo servidores e funcionários da prefeitura da cidade.

Durante operação, agentes cumpriram mandados na sede da Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte, na Secretaria de Meio Ambiente da cidade, em residências de empresários, secretários.

Um hospital na cidade do Crato, uma fundação localizada em Juazeiro do Norte e a casa de um secretário e empresário em Barbalha também foram vistoriados pelos policiais federais, além de uma residência em Fortaleza e em Viçosa do Ceará.