Em seu terceiro ano como prefeito de Juazeiro do Norte, no Cariri, Glêdson Bezerra (Podemos) anunciou, em entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste, que irá disputar novamente o cargo no próximo ano. O mandatário tentará quebrar uma tradição secular: ser o primeiro prefeito reeleito na terra de Padre Cícero.
“Temos um projeto que eu entendo ser extremamente bem consolidado. Em dois anos e meio, nós temos números impressionantes para apresentar, porém, sabemos que dois anos e meio é um tempo muito curto para realização de grandes políticas públicas que precisam ser desenvolvidas no decorrer dos anos e não apenas de um mandato de um prefeito”, declarou o mandatário.
“Pensando nisso e na possibilidade que é o instituto da reeleição, eu já disse para o povo de Juazeiro que, sim, eu estou trabalhando para que isso aconteça, mas com muita naturalidade. Vamos avaliar como é que vai estar a nossa aceitação junto à população na época certa”
Governista ou oposicionista?
O mandatário tem feito movimentos cautelosos para evitar amarrar sua candidatura à base ou à oposição — pela qual foi eleito em 2020.
Mesmo estando em um partido que já deixou a oposição no Estado e hoje é liderado por um dos principais aliados do senador Cid Gomes (PDT), o prefeito de Aracati, Bismarck Maia (Podemos), Glêdson diz que está aberto a ouvir todos os lados.
“O fato de ter este ou aquele quadro no nosso partido não vai determinar uma posição ‘x’ ou ‘y’. A posição ‘x’ ou ‘y’, para fins eleitorais em 2024, deve ser fruto de uma construção”, comentou o prefeito, que esteve em Fortaleza para a 11ª edição do Seminário de Gestores Públicos - Prefeitos, na última terça-feira (6).
“Estou completamente aberto a todo mundo para conversar e entender quem é que tem o melhor projeto”, sinalizou o político.
Podemos sob olhares de Cid Gomes
Mesmo o prefeito de Juazeiro mantendo-se aberto a conversas, a saída do senador Eduardo Girão (Novo) da sigla e a chegada de Bismarck Maia na presidência foi uma estratégia, já admitida pelo próprio Cid Gomes, de capilarizar as forças e “amarrar” mais um partido como governista.
Na entrevista, Glêdson disse que todas as mudanças foram informadas a ele pela presidente nacional da legenda, Renata Abreu. Ele disse ainda que chegou a ser convidado para comandar o partido no Ceará.
“Naquele instante ela me perguntou se eu estaria disposto a estruturar o partido em nível de estado. Eu falei para ela que obviamente que não, tendo em vista que as minhas atribuições da prefeitura me consomem muito”
Ainda segundo ele, só a partir daí que os nomes começaram a ser apresentados a ele.
“A avaliação que eu tenho do Bismarck Maia é de muito respeito. Ele é pai do deputado Eduardo Bismarck (PDT), tem uma aliança muito boa com o senador Cid Gomes, então, diante de tudo isso, falei para Renata Abreu que, entre os nomes que ela tinha apresentado, esse nome se apresentava como algo muito positivo para o Podemos”, afirmou o mandatário.
Perdas para a oposição
Assim como Vitor Valim (sem partido), prefeito de Caucaia, e Professor Marcelão (sem partido), de São Gonçalo do Amarante, a eleição de Glêdson foi comemorada em 2020 pela oposição por ser, à época, de um nome alinhado ao então deputado federal oposicionista Capitão Wagner (União Brasil), hoje secretário da Saúde em Maracanaú.
Contudo, Valim embarcou no governismo, sendo um dos mais fiéis cabos eleitorais do governador Elmano de Freitas (PT), do senador licenciado Camilo Santana (PT) e do presidente Lula (PT) no Ceará. Já Marcelão tem conversas avançadas para se filiar ao PT.
Glêdson tem feito acenos a integrantes do grupo governista, aproximando-se do agora ministro Camilo Santana, do senador Cid Gomes e da senadora Augusta Brito (PT). Ele, no entanto, nega que isso tenha algum peso eleitoral.
“Nós não temos nenhum compromisso firmado para fins de eleição. Esse tem sido um ponto muito positivo que eu encontrei no Podemos, às vezes, quando me perguntam se vou sair do Podemos, digo que meu contato direto é com a presidente Renata Abreu, que tem uma compreensão muito tranquila da minha posição no cenário político”
“Eu estou aberto a conversar com todo e qualquer um que possa ajudar Juazeiro do Norte. Eu sou vidrado em Juazeiro, sou focado em Juazeiro. Eu vou fazer o que eu puder para levar recurso para Juazeiro, conversar com quem for para levar recurso de maneira republicana”, acrescentou.