Presidente do PSDB Ceará, o vice-prefeito de Fortaleza, Élcio Batista, acusou o grupo governista estadual no Ceará ter criado um “projeto hegemônico”.
A declaração ocorreu nesta quinta-feira (28), durante a entrevista concedida pelo dirigente partidário aos editores e colunistas de Política do Diário do Nordeste, Jéssica Welma e Wagner Mendes, na live do Ponto Poder. Na conversa, ele revelou os planos de renovação do PSDB e a expectativa para o pleito do próximo ano e até de 2026.
A entrevista foi a segunda de uma série de conversas com dirigentes partidários a pouco mais de um ano das eleições de 2024. O Diário do Nordeste também publica a série “Influências Partidárias”, onde narra a história dos partidos no Ceará.
Élcio comentava que o PSDB era, de fato, o partido cearense com o maior número de prefeituras e cadeiras no Legislativo durante a década de 1990 no Estado. Contudo, o comandante do PSDB Ceará ponderou que, à época, o partido tinha oposição.
“Há uma diferença importante, o PSDB tinha o maior número de prefeitura e de deputados, mas tinha, de fato, oposição. Se o PSDB tinha um prefeito, o grupo de oposição a esse prefeito também era oposição ao Governo do Estado. Na Alece tínhamos maioria do PSDB, mas tinha partido da oposição, principalmente o PT, e tinha poucos partidos”, comentou.
O vice-prefeito apontou que, atualmente, o cenário é outro.
“Já não somos mais hegemônicos ou não temos mais maioria, costumo dizer que nunca fomos hegemônicos, tínhamos o maior número de prefeitos e deputados, mas tinha oposição, crítica, projeto hegemônico talvez tenhamos agora. Chegamos no Interior e o prefeito é situação e a oposição também está em um partido que é parte do Governo”
“Cooptação”
Na entrevista, Élcio ainda criticou diretamente a gestão do governador Elmano de Freitas pela criação de novas pastas.
“Temos um governo que mal se iniciou e criou 15 secretarias. Eu participei recentemente do Governo e lá fizemos uma redução do número de secretarias entendendo que era melhor, do ponto de vista de eficiência e de melhores políticas públicas, que a gente pudesse reduzir o tamanho do Estado, foi isso que fizemos”, acrescentou.
Ele ainda acusou os governistas de representarem um “atraso” e de usarem a máquina pública para “cooptação”.
“Acreditamos que se encerrou um ciclo que começou com o Tasso e acabou recentemente, um ciclo de mudanças, agora queremos construir um novo ciclo porque o ciclo de poder de agora não está comprometido com um projeto claro, ideias e também é um ciclo que, se formos olhar do ponto de vista do que representou a grande ruptura na década de 1980, é um atraso o que está ocorrendo, é expansão da máquina pública para cooptação de quadros”
Diante das críticas ao grupo governista — que integrou até 2020 —, o agora oposicionista reforçou que não pretende recuar das críticas.
“PSDB é oposição estadual e vamos construir um projeto de oposição, queremos nos inspirar na década 1980, sob liderança do Tasso, e criar um novo ciclo de mudança no Ceará”, concluiu.
O Governo do Ceará foi procurado pela reportagem, mas não respondeu.