A CPI da Covid ouve nesta quarta-feira (11) o empresário Jailton Batista, diretor-executivo da farmacêutica Vitamedic — empreendimento que patrocinou anúncios publicitários em defesa do "kit covid", conjunto de medicamentos ineficazes no tratamento da doença causado pelo Sars-CoV-2.
O convocado é ouvido na condição de testemunha e tem o dever de dizer a verdade. O depoimento está marcado para iniciar a partir das 9h30.
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Crescimento na venda de Ivermectina
Segundo documentos obtidos pela comissão, através de requerimento de informação aprovado em julho, a empresa registrou um aumento de 1.105% na venda de ivermectina em 2020, em comparação a 2019. O remédio integra o conjunto de medicamentos ineficazes do chamado tratamento precoce.
Ao todo, as vendas da substância saltaram de 24,6 milhões de comprimidos em 2019 para 297,5 milhões no ano passado. O preço médio de uma caixa com 500 comprimidos subiu de R$ 73,87 para R$ 204,90, um crescimento de 226% no período.
Os documentos obtidos pela CPI ainda apontam que a Vitamedic patrocinou a veiculação de propaganda sobre o kit covid nos principais jornais do país.
Conforme o portal G1, os anúncios eram atribuídos ao grupo Médicos pela Vida e defendiam o uso de cloroquina, ivermectina, zinco e vitamina D – substâncias comprovadamente ineficazes contra a Covid.
Os dados dos documentos enviados pela própria farmacêutica à comissão do Senado Federal indicam um aumento de 2.925% no faturamento da empresa na comercialização da ivermectina. Em 2020, a venda do medicamento rendeu cerca de R$ 469,4 milhões, sendo que em 2019 o faturamento foi de apenas R$ 15,5 milhões.
Com o depoimento de diretor-executivo do empreendimento, os senadores desejam esclarecer se a Vitamedic atuou irregularmente na defesa de medicamentos ineficazes no tratamento da Covid, defendidos por autoridades públicas como o presidente Jair Bolsonaro, com o objetivo de aumentar o próprio lucro com a venda.
A ivermectina é um vermífugo, utilizado para promover a eliminação de parasitas. Em fevereiro de 2021, o laboratório Merck, que também fabrica o produto, informou não haver dados disponíveis que sustentem a eficácia do medicamento contra a Covid-19.
SEM EFICÁCIA COMPROVADA
Em julho, em documento enviado à CPI, o Ministério da Saúde admitiu que os medicamentos do kit covid não têm eficácia contra o coronavírus. O método era defendido pelo presidente Jair Bolsonaro. As informações são da CNN Brasil.
"Alguns medicamentos foram testados e não mostraram benefícios clínicos na população de pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados", disse o documento.
Entre eles, foram citados a hidroxicloroquina ou cloroquina, azitromicina, lopinavir/ritonavir, colchicina e plasma convalescente.
A nota técnica ainda disse que "a ivermectina e a associação de casirivimabe + imdevimabe não possuem evidência que justifiquem seu uso em pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados nessa população".
O texto também não apontou nenhuma evidência do benefício do uso dos medicamentos preventivamente ou nos estágios iniciais da doença, o que seria classificado como chamado tratamento precoce.
Enfatizou, inclusive, que a inclusão da cloroquina como medicamento indicado em qualquer fase do tratamento à Covid não está em avaliação no âmbito da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec).