Com desfiliações de deputados e vereadores encaminhadas, o PDT Ceará pode perder também cerca de 50 prefeitos ligados ao senador Cid Gomes. É o que afirma o deputado estadual Romeu Aldigueri, um dos que obtiveram, nesta quarta-feira (8), anuência para deixar o partido sem prejuízo ao mandato.
O parlamentar não detalhou os nomes que devem reforçar a debandada da legenda, mas a expectativa é que sejam os mesmos que referendaram as investidas de Cid no PDT nos últimos meses. O seu grupo, estimam aliados, reúne cerca de 55 prefeitos. Grande parte deles assinou, por exemplo, o documento de convocação da reunião que, no começo de outubro, elegeu o senador presidente do diretório estadual.
Os prefeitos são os principais interessados na resolução do impasse partidário, já que as eleições municipais ocorrem em menos de um ano. Para concorrerem à disputa, devem estar filiados até abril de 2024.
A crise que se instalou no partido há mais de um ano já levou alguns nomes da legenda, que elegeu o maior número de gestores em 2020. Boa parte deles confia a Cid a articulação necessária para formar alianças e fortalecer a chapa eleitoral. Por isso, a intenção de migrar para outra legenda mais alinhada ao senador.
PDT de Figueiredo vai reverter
Em entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste, contudo, o presidente estadual e nacional do PDT, André Figueiredo, afirma que a Executiva Nacional vai anular a reunião do diretório cearense nesta quarta. Assim, as anuências seriam revertidas e a discussão voltaria à estaca zero, inclusive, com potencial de enfraquecer a saída de prefeitos neste momento, pelo menos.
"Estamos dialogando de um a um com os nossos prefeitos. Não sou apenas presidente do PDT em Brasília, eu rodo o Ceará. Temos trabalhado por muitos prefeitos, principalmente do PDT, para ajudar os municípios", diz Figueiredo.
A crise no PDT tem sido judicializada há meses, especialmente no episódio da anuência de Evandro Leitão. Em agosto, o deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa ganhou autorização do diretório estadual – à época, sob administração de Cid Gomes – para deixar a legenda.
André Figueiredo contestou o ato na Justiça, mas o Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) validou a desfiliação. Os outros parlamentares que obtiveram a anuência também devem entrar com ações judiciais para efetivar a saída. Entretanto, os próximos passos ficam incertos diante das movimentações da Executiva Nacional, sobretudo para os prefeitos.
Veja quem pediu para sair
Deputados federais
- Eduardo Bismarck
- Idilvan Alencar
- Mauro Filho
- Robério Monteiro
Deputados estaduais
- Evandro Leitão
- Guilherme Landim
- Jeová Mota
- Lia Gomes
- Marcos Sobreira
- Oriel Filho
- Osmar Baquit
- Romeu Aldigueri
- Salmito
- Sérgio Aguiar
Vereadores
- Ana Paula Brandão
- Júlio Brizzi
Suplentes
- Helaine Coelho
- Nilson Diniz
- Leônidas Cristino (em exercício)
- Bruno Pedrosa (em exercício)
- Antônio Granja (em exercício)
- Guilherme Bismarck (em exercício)
- Tin Gomes
As únicas exceções nos pedidos foram André Figueiredo (deputado federal e presidente estadual e nacional do PDT) e os deputados estaduais Claudio Pinho, Antônio Henrique e Queiroz Filho. Eles representam um segmento mais ligado ao ex-ministro Ciro Gomes.