Bolsonaro é indiciado pela Polícia Federal em caso das joias sauditas

Conforme as investigações, os desvios iniciaram em meados de 2022 e terminaram em 2023

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi indiciado nesta quinta-feira (4), pela Polícia Federal, no caso das joias sauditas. O relatório parcial da investigação foi enviado na tarde desta quinta ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do caso.

A investigação apurou o funcionamento de uma organização criminosa para desviar e vender presentes de autoridades estrangeiras durante o governo Bolsonaro.

Conforme regras do Tribunal de Contas da União (TCU), os presentes de governos estrangeiros deviam ser incorporados ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH), setor da Presidência da República responsável pela guarda dos presentes, que não poderiam ficar no acervo pessoal de Bolsonaro.

No entanto, segundo as investigações, desvios começaram em meados de 2022 e terminaram no início de 2023. As vendas eram operacionalizadas Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Relembre

Aliados do ex-presidente foram alvos de uma operação da Polícia Federal em agosto de 2023 que investiga a venda de joias e outros objetos de valor recebidos em viagens oficiais da Presidência da República.

Batizada de Lucas 12:2, a operação mirou o general Mauro César Lourena Cid, pai de Mauro Cid; o advogado Frederick Wassef, que representou o ex-chefe do Executivo perante a Justiça; e o tenente Osmar Crivelatti que, assim como Mauro Cid, foi ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Naquela ocasião, a Polícia Federal já havia identificado a negociação de dois kits de joias da marca suíça Chopard, duas esculturas douradas e um relógio da marca Patek Philippe. O diretor-geral da PF não quis falar sobre o tipo da nova joia encontrada.

As vendas investigadas pela corporação seriam de presentes recebidos por Bolsonaro durante seu mandato da Presidência da República.

Essas peças deveriam ser incorporados ao acervo da União, mas foram omitidos dos órgãos públicos, incorporados ao estoque pessoal do ex-chefe do Executivo e negociados para fins de enriquecimento ilícito, segundo os investigadores.

A tentativa de entrada ilegal no Brasil de presentes de alto valor recebidos em viagens oficiais foi revelada em março de 2023 pelo Estadão.

A reportagem mostrou que membros do governo Bolsonaro tentaram trazer ilegalmente para o Brasil, em outubro de 2021, um kit entregue pelo governo da Arábia Saudita que continha joias com colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes. Os peritos da PF avaliaram o conjunto em R$ 5,1 milhões.