Bolsonaro confirma ter conversado pessoalmente sobre joias com ex-chefe da Receita Federal

Informação foi dada pelo ex-presidente em depoimento no dia 5 de abril

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou, em depoimento, que conversou pessoalmente com o ex-chefe da Receita Federal Júlio César Vieira Gomes sobre o caso das joias, avaliadas em R$ 16,5 milhões, que foram repassadas ao então chefe do Planalto a título de presentes de Estado pelo regime Saudita, em outubro de 2021. A oitiva de Bolsonaro ocorreu em 5 de abril e foi obtida com exclusividade pela TV Globo nesta sexta-feira (14).

"O declarante [Bolsonaro] solicitou ao ajudante de ordens, coronel Cid, que obtivesse informações a cerca de tais fatos; que o ajudante de ordens oficiou a Receita Federal para obter informações; que neste interim o declarante estabeleceu contato com o então chefe da Receita Federal, Júlio, cujo sobrenome não se recorda, e salvo engano, determinou que estabelecesse contato direto com o ajudante de ordem; que as conversas foram pessoalmente, pelo o que se recorda", diz a publicação.

No depoimento, o ex-presidente disse que ficou sabendo da existência das joias em dezembro de 2022, mais de um ano após elas terem chegado. No entanto, ele alegou não se lembrar quem o avisou sobre os itens, mas que é possível que tenha sido alguém ligado ao Ministério de Minas e Energia.

Bolsonaro também afirmou que "nunca decidia ou era consultado, ou mesmo opinou, quanto à classificação, entre o acervo público ou privado de interesse público".

Depoimento sobre atos terroristas de 8 de janeiro

Além da oitiva sobre as joias milionárias, Bolsonaro deve prestar depoimento à PF sobre os atos golpistas em Brasília em até 10 dias, conforme determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A decisão foi tomada em um inquérito que apura supostos incitadores e autores intelectuais dos ataques ocorridos na capital federal em dia 8 de janeiro, e atende a pedido apresentado pela Procuradoria-Geral da República (PGR). As informações são do jornal O Globo.

Na determinação, Moraes informou que o depoimento é "medida indispensável ao completo esclarecimento dos fatos investigados".

A solicitação para que Bolsonaro prestasse depoimento à instituição foi realizada em janeiro pela PGR. À época, Moraes alegou que era necessário esperar o retorno do ex-presidente ao Brasil, que estava nos Estados Unidos. No entanto, ele só voltou ao país no fim de março.

A inclusão de Bolsonaro no inquérito aconteceu após o ex-chefe do Executivo nacional compartilhar, dois dias após os ataques, um vídeo que sugeria uma fraude orquestrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Supremo Tribunal Federal (STF) nas eleições presidenciais de 2022.