Em meio a episódios que chamaram atenção logo na chegada a Nova Iorque na madrugada de domingo (19), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se prepara para, nesta terça-feira (21), falar na abertura da 76ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidades (ONU).
A expectativa é de que o terceiro discurso do chefe do Executivo brasileiro mostre o avanço da vacinação no País, ainda que ele não tenha se vacinado, e adote uma postura amena diante dos demais chefes de Estado. Temas como marco regulatório das terras indígenas e liberdade de expressão de grupos de direita em redes sociais também devem ser abordados.
Logo na chegada aos Estados Unidos, a comitiva presidencial optou por entrar no hotel reservado para o grupo por meio de um acesso alternativo. Na porta do local, havia um grupo de manifestantes contrários ao presidente, exibindo faixas, cartazes e gritando palavras de ordem.
A comitiva é composta por 18 integrantes, entre eles a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e também um dos filhos do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), ministros e o presidente da Caixa Econômica Federal.
Uma foto publicada nas redes sociais pelo ministro do Turismo, Gilson Machado, mostra Bolsonaro e o grupo comendo pizza na calçada de um restaurante em Nova Iorque. A cidade exige comprovante de vacinação para que clientes possam fazer refeições do lado de dentro dos estabelecimentos.
Essa não é a primeira vez que Bolsonaro busca dar uma conotação mais popular para suas refeições durante viagens oficiais. Durante sua primeira missão internacional, em janeiro de 2019, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, o presidente almoçou no restaurante de um supermercado local.
Veja temas que devem ser abordados pelo presidente:
Vacinação no Brasil
Na última quinta (16), durante tradicional transmissão ao vivo nas redes sociais, Bolsonaro prometeu um discurso “objetivo” e “tranquilo” na ONU. Há expectativa de que o presidente inicie mostrando esforços do Governo Federal em ampliar o número de vacinados contra a Covid-19 no Brasil.
O Brasil está à frente dos EUA em proporção de vacinados com pelo menos uma dose (68,1% a 63%). Há no entanto, uma distância considerável em relação à taxa dos vacinados com duas doses (37% a 54%). A expectativa do Planalto é que até o fim de outubro o País tenha a maioria da população completamente imunizada.
Marco temporal
Outro tema que deve permear o discurso é o marco temporal, que limita a possibilidade de demarcação de terras indígenas àquelas ocupadas por eles até o ano de 1988.
O tema é considerado sensível, por estar sob julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com Bolsonaro, um novo entendimento sobre o marco temporal é um “perigo” e um risco para a segurança alimentar “do Brasil e do mundo”.
Redes sociais
A defesa da liberdade de expressão de lideranças da direita global também é esperada no discurso do presidente. O tema foi um dos que a militância bolsonarista levou às ruas no dia 7 de setembro. O assunto foi alvo de uma Medida Provisória (MP) que acabou devolvida ao Planalto pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
No domingo (19), o Governo anunciou que enviaria um projeto de lei ao Congresso com teor semelhante ao da MP devolvida.
Agenda climática
Em meio a desgastes na agenda ambiental, Bolsonaro deve destacar o cumprimento de uma promessa feita em abril, na Cúpula do Clima, na presença do presidente americano Joe Biden, de que o Brasil teria 80% de sua matriz energética de fonte limpa.
A meta anunciada é de zerar o desmatamento até 2030, e alcançar a neutralidade de emissão de gases do efeito estufa até 2050.
Agenda do presidente
Já há uma agenda prévia de compromissos oficiais divulgada pelo Palácio do Planalto. Nesta segunda (20), os compromissos de Bolsonaro incluem uma reunião com o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson.
Às 19h (18h no horário de Brasília), o presidente e sua comitiva serão recebidos em um evento do embaixador Ronaldo Costa Filho, representante permanente do Brasil junto às Nações Unidas. Na terça-feira (21) acontece o discurso principal, previsto para as 9h, horário de abertura da assembleia.
Antes de seu discurso na Assembleia-Geral da ONU, Bolsonaro se reunirá às 8h (7h do horário de Brasília) com o presidente polonês Andrzej Duda.
Às 8h35 (7h35 do horário de Brasília), Bolsonaro terá uma reunião com o Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres.