Responsável pela defesa de um dos réus de 8 de janeiro, a advogada Larissa Lopes de Araújo chorou durante julgamento do acusado no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta-feira (15). As lágrimas teriam sido uma forma de expressar “decepção” com os ministros da Corte, pois, segundo a profissional, ela teria sido ignorada.
Em momento transmitido pela TV Justiça, a advogada inicia a defesa do acusado afirmando estar muito emocionada, pois aquela era sua primeira experiência diante do STF. “Pois bem, essa é minha primeira sustentação oral presencial e vou começar logo no topo, que responsabilidade!”.
Em seguida, ela revelou ter sonhado com o momento durante anos, chegando a se sentir como “pinto no lixo” toda vez que visitava o local e se imaginava vivendo aquela experiência.
Suas aspirações, no entanto, pareceram ter sido frustradas após ter sido supostamente ignorada pelos profissionais da Corte. Para exemplificar a reclamação, a advogada afirmou que o relator do caso, Alexandre de Moraes, não teria lhe dado “boa tarde”.
“Me entristeceu por uma parte porque, na primeira vez que eu venho e me sento como advogada, eu sou, no primeiro dia de audiência, ignorada pelo PGR, pelo ministro relator, que sequer nos cumprimentou. ‘Boa tarde a todos, a todas’, e esqueceu os advogados”, relatou Larissa.
Durante a defesa, a advogada ainda voltou a reclamar, com a voz embargada, sobre o tratamento que teria recebido: “Eu sempre falo para todo mundo [que] eu não gosto de política. Então, meu choro aqui não é por partido, é pelo meu trabalho, que é tão desvalorizado que eu nem sei pra quê que eu tô falando aqui se ninguém vai me ouvir”.
O QUE DIZ A OAB?
De acordo com informações do O Globo, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) enviou um ofício para a presidente do STF, Rosa Weber, afirmando ter “plena confiança” na atuação dos ministros, “especialmente quanto à legítima função de guardiã da Constituição e protetora do Estado Democrático de Direito”.
No comunicado, a instituição ainda se solidarizou com os ataques que o Supremo tem sofrido e defendeu que “todos os envolvidos [no 8 de janeiro] sejam responsabilizados” devido às “graves ofensas à estabilidade democrática no Brasil”.
QUEM É A ADVOGADA?
Com menos de 15 dias para o julgamento, a responsabilidade de defender Matheus Lima de Carvalho Lázaro era da Defensoria Pública, ainda segundo O Globo. No fim de agosto, o STF intimou a entidade para que realizasse as alegações finais em favor de Matheus. Com isso, o caso voltou para Larissa, que já havia representado o réu anteriormente.
Antes do julgamento desta quinta, a advogada já havia representado outros acusados pelo 8 de janeiro, chegando a assumir os casos de Fábio Baumann, Givair Batista Souza e Davi Emanuel Pereira Domiciano, presos em flagrante.
Em julho, a profissional passou a integrar a equipe responsável pela defesa de Alan Diego dos Santos e George Washington de Oliveira Sousa, condenados por planejar um atentado a bomba próximo ao Aeroporto de Brasília, em dezembro do ano passado.