A médica infectologista Luana Araújo, que ficou apenas 10 dias como secretária de Enfrentamento à Covid-19 no Ministério da Saúde, prestou depoimento à CPI da Covid no Senado, nesta quarta-feira (2).
Ela chegou à Comissão acompanhada do pai, o médico ortopedista e advogado José Carlos Araújo - que esteve com Luana durante todo o depoimento. A profissional foi anunciada para o cargo em 12 de maio, mas não chegou a assumi-lo após ser vetada pelo Governo.
Indicada pelo ministro Marcelo Queiroga, Luana é formada e fez residência na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). No depoimento aos senadores, ela afirmou que aprendeu a ler aos 2 anos e terminou o Ensino Médio aos 15.
Conforme a médica informa no blog profissional, ela foi a primeira brasileira a ganhar a bolsa Sommer - específica para pós-graduação na prestigiada Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, onde se especializou em epidemiologia.
Luana também informa que atua como consultora de saúde pública para grandes organizações internacionais. “Apaixonada por Medicina, Doenças Infecciosas, Saúde Pública e pela possibilidade de tornar esses dois mundos mais acessíveis a todas as pessoas”, se autodescreve.
Vida pessoal
Luana Araújo tem um relacionamento com o fotógrafo esportivo Bruno Haddad. No Instagram, ela compartilha vídeos cantando, do gato de estimação e ao lado do companheiro.
Participação na CPI
Embora Luana Araújo não tenha dito claramente, os senadores avaliam que está claro que sua demissão do Ministério da Saúde está relacionada com as suas posições em defesa do distanciamento social e contra a hidroxicloroquina. Antes de ser nomeada, ela havia escrito em suas redes sociais que o tratamento precoce contra a Covid-19 configurava um "neocurandeirismo" ou um iluminismo às avessas".
A médica repetiu a sua visão sobre o tratamento precoce aos senadores:
"Todos nós somos absolutamente a favor de uma terapia precoce que exista. Quando ela não existe, ela não pode se tornar uma política de saúde pública", disse.
Luana Araújo ainda usou palavras duras para descrever a atual discussão em torno da hidroxicloroquina, que não tem eficácia comprovada para o tratamento da Covid-19:
"Essa é uma discussão delirante, esdrúxula, anacrônica e contraproducente", afirmou.
"Quando eu disse que um ano atrás nós estávamos na vanguarda da estupidez mundial, eu infelizmente ainda mantenho isso em vários aspectos, porque nós ainda estamos aqui discutindo uma coisa que não tem cabimento. É como se a gente estivesse escolhendo de que borda da Terra plana a gente vai voar, não tem lógica", completou.
Luana Araújo foi convocada a depor logo após o anúncio do cancelamento da nomeação. Foram os senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Humberto Costa (PT-PE) os autores dos requerimentos para convocá-la. O depoimento aconteceu um dia após a oitiva da médica Nise Yamaguchi, defensora da hidroxicloroquina.
Na participação desta quarta-feira, a médica também defendeu a ciência como parâmetro de ações de combate à Covid e reforçou que não há nenhuma opção farmacológica para o tratamento da doença em estágio inicial.
Desligada do Ministério
Ao ser indicada para o cargo, em 12 de maio, Luana Araújo disse que iria "coordenar a resposta nacional à Covid-19, em diálogo permanente com todos os atores". Dez dias depois, em nota, o Ministério da Saúde afirmou que a pasta buscava "outro nome com perfil profissional semelhante: técnico e baseado em evidências científicas".
No depoimento, ela afirmou desconhecer os motivos que levaram ao seu desligamento, mas disse ter sido informada que seu nome "não passou na Casa Civil".