A investigação sobre a prisão de José Adalberto Vieira, ex-assessor parlamentar do deputado José Guimarães (PT), em São Paulo, com R$ 200 mil em uma bolsa de viagem e mais 100 mil dólares na cueca está concluída. O procurador da República, Márcio Andrade Torres, amanhã, ou no início da próxima semana poderá denunciar à Justiça Federal, todos os envolvidos no caso, além de Adalberto, Kennedy Moura, ex-assessor da presidência do Banco do Nordeste, o deputado José Guimarães e outros nomes constantes do relatório da sindicância feita pelo próprio BNB e mantida em sigilo até o momento.
Na última sexta-feira, demoradamente o procurador Márcio Torres, dos direitos do cidadão (núcleo da tutela coletiva), disse que as investigações estavam chegando ao final, assegurando que se a hipótese apropriada for a de ingressar na Justiça Federal com uma ação de improbidade administrativa, além de Kennedy Moura poderão ser envolvidos outros agentes públicos do BNB, se for demonstrada a participação deles, e outras pessoas físicas ou jurídicas que de algum modo tenham se beneficiado desse ato de improbidade. O procurador tem um relatório confidencial sobre a sindicância feita pelo próprio Banco do Nordeste que ao final acaba comprometendo outras pessoas do Banco, além de Kennedy.
PRISÃO - O caso começou a ser investigado pelo Ministério Público a partir da prisão de Adalberto Vieira, pela Polícia Federal, no início de julho, no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, quando tentava transportar para Fortaleza R$ 200 mil em uma bolsa de viagem e 100 mil dólares na cueca. Esse caso gerou ações diferentes, sendo uma em São Paulo e outra no Ceará. O que existe em São Paulo é um inquérito policial, que foi aberto a partir da prisão em flagrante de Adalberto.
Na Procuradoria da República no Ceará está em andamento um procedimento administrativo que procura apurar um ato de improbidade no Banco do Nordeste atribuído, a princípio, a Kennedy Moura, mas que pode envolver outros agentes públicos do Banco do Nordeste, em relação ao financiamento concedido à empresa STN, da qual a Alusa é uma das consorciadas.
Isso foi feito porque desde o início das apurações, argumenta o procurador Márcio Torres, “tivemos vários elementos de convicção sobre a ligação entre o dinheiro apreendido com Adalberto e a empresa Alusa porque houve um encontro de Adalberto, em São Paulo, com um dos diretores dessa empresa, onde, tudo indica, teria sido feito a entrega do dinheiro apreendido com Adalberto”.
A partir de então foram analisadas outras informações como os dados das investigações procedidas com base nas ligações telefônicas feitas por Kennedy Moura no telefone celular do BNB e do próprio Adalberto Vieira que no início das investigações se prontificou a colaborar, inclusive com a quebra do sigilo telefônico.
Mas, para o final das investigações tomou uma postura de não colaborar. Ao ser chamado para um segundo depoimento Adalberto compareceu com um advogado de São Paulo, que o defendeu quando foi preso naquele Estado, e disse que a partir de então falaria somente em juízo.
O procurador Márcio Torres também está analisando um relatório da auditoria interna do BNB e um relatório do Tribunal de Contas da União. Embora não revele fatos contidos nestes dois relatórios assegura o procurador que ambos apontam diversas irregularidades que podem ser, inclusive, vinculadas à possibilidade de terem sido recebidas vantagens indevidas em razão do financiamento.
GUIMARÃES - Sobre a participação do deputado José Nobre Guimarães neste caso explica o procurador que existe um conjunto de fatos que ainda estava sendo investigado que também aponta para indícios. “Na realidade não há nada ainda demonstrado e comprovado cabalmente, mas indícios de que a relação dele com Kennedy Moura, com Adalberto e o poder que ele tinha de indicar pessoas para cargos no Ceará apontam para a necessidade de ele também ser investigado como um possível beneficiado desse ato de improbidade administrativa”.
Guimarães chegou a prestar depoimento na Procuradoria da República e colocou à disposição dados de sigilo telefônico, fiscal e bancário dele, mas o sigilo telefônico não foi obtido porque a empresa telefônica informou que os telefones não pertenciam a ele. Muito recentemente, acrescenta o procurador, Guimarães disse que os telefones não pertenciam a ele mas a Assembléia Legislativa.