Licença de deputado amplia rodízio para cumprir acordos na Assembleia

Danniel Oliveira foi o segundo no MDB a pedir licença da Assembleia Legislativa, dando vez ao suplente Davi de Raimundão. Outros deputados da base governista se revezam nas licenças para acomodar aliados

Mais um deputado estadual tirou licença, ontem, das atividades na Assembleia Legislativa: Danniel Oliveira (MDB). Ele se afastou por 120 dias para tratar de "interesse particular" e dar lugar ao suplente do seu partido, Davi de Raimundão, que já tinha assumido o mandato, com o afastamento de outro emedebista. Até agora, cinco suplentes de deputado estadual estão em exercício, atendendo, principalmente, a acordos políticos feitos entre aliados, em 2018.

A proximidade das eleições municipais de 2020 também influencia o troca-troca de cadeira no Legislativo. Aqueles que assumem o mandato ganham visibilidade para disputar um cargo eletivo no próximo ano, se quiserem.

Davi de Raimundão, por exemplo, é filho do ex-prefeito de Juazeiro do Norte, Raimundão, que não é descartado do rol de candidatos do Município.

O deputado titular, que se afasta provisoriamente do cargo, também pode aproveitar o tempo para dar mais assistência às suas bases eleitorais no Interior e fortalecer, assim, o capital político dele e de seu grupo para o pleito do ano que vem. O fato é que, por trás dessas licenças, muitas vezes, existem acordos para acomodar os aliados que não foram eleitos.

Suplentes

Além de Danniel Oliveira, que teve a licença aprovada, ontem, na Assembleia, também estão afastados por 120 dias outros quatro deputados estaduais. São eles: Leonardo Pinheiro (PP), cujo suplente é Manoel Duca (PDT); Osmar Baquit (PDT), cujo suplente é Oriel Nunes (PDT); Agenor Neto (MDB), cujo suplente é Gordim Araújo (Patriota) e Zezinho Albuquerque (PDT), cujo suplente é Lucílvio Girão (PP). Zezinho está licenciado, desde o início do ano, por ter sido nomeado secretário de Cidades do Estado.

Mas o que chama atenção é o "rodízio" na bancada do PP para acomodar Manoel Duca. Deputados falam, nos bastidores, que existe um acordo na base governista para deixá-lo com uma cadeira na Casa.

Antes de Leonardo Pinheiro tirar licença, no mês passado, Bruno Pedrosa (PP) foi quem pediu o afastamento provisório de 120 dias para dar vez a Duca. Soldado Noélio (Pros) também se licenciou, neste ano, da Assembleia. O presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado, Tony Brito, primeiro suplente da coligação, assumiu a vaga.

Até o fim desta legislatura, outros deputados devem tirar licença, como Renato Roseno (Psol), cogitado para disputar a Prefeitura de Fortaleza, e Fernanda Pessoa (PSDB), filha do deputado federal Roberto Pessoa, que deve concorrer à Prefeitura de Maracanaú.

O ex-deputado Carlos Matos (PSDB), primeiro suplente da coligação, queria que a colega tirasse licença ainda neste ano, mas a decisão ficou para o ano que vem.

Regras

O deputado que se licencia para tratar de "interesse particular" não recebe remuneração e não tem direito à Verba de Desempenho Parlamentar. Esse tipo de licença pode ser solicitada por qualquer parlamentar. O pedido é avaliado pela Comissão de Constituição e Justiça e, depois, pelo plenário. Já as licenças médicas devem ser aprovadas pela Comissão de Saúde.

Os deputados podem se licenciar, ainda, para desempenhar missão diplomática ou cultural e participar de cursos técnicos ou profissionais. Os suplentes são convocados quando as licenças são de 120 dias ou mais. Se o tempo for menor, os titulares podem reassumir o mandato a qualquer momento.