O presidente Jair Bolsonaro pediu, neste sábado (7), que a população participe das manifestações programadas para o próximo dia 15 e afirmou que político que tem medo de rua não serve para ser político. Os protestos, organizados por grupos que defendem o presidente, abriram uma crise institucional no mês passado, depois que Bolsonaro encaminhou a amigos um vídeo que convocava a população a ir às ruas para o ato.
Como a pauta do movimento contém críticas ao Congresso, a ação do presidente gerou reação de chefes dos Poderes.
Viagem para os Estados Unidos
Neste sábado, em escala em Boa Vista (RR) antes de embarcar para viagem oficial aos Estados Unidos, o presidente afirmou que o movimento quer mostrar que quem dá o norte para o Brasil é a população. "É um movimento espontâneo e o político que tem medo de movimento de rua não serve para ser político", afirmou. "Então participem, não é um movimento contra o Congresso, contra o Judiciário. É um movimento pró-Brasil".
"Quem diz que é um movimento impopular contra a democracia está mentindo e tem medo de encarar o povo brasileiro", disse.
> FHC, Lula, Ciro e OAB reagem contra apoio de Bolsonaro a ato anti-Congresso
> Bolsonaro cobra do Congresso votações, mas nega incitar ataque ao Legislativo
> Partidos, movimentos e entidades preparam resposta a Bolsonaro nas ruas
> Com repercussão negativa, Bolsonaro orienta equipe ministerial a evitar endosso a protesto
O presidente falou para cerca de 400 pessoas, entre autoridades políticas roraimenses e simpatizantes. Incentivados por parlamentares bolsonaristas e pelo próprio presidente, ativistas conservadores preparam o ato, que prega bandeiras de direita, contrárias ao Congresso e em defesa de militares e do atual governo.
A manifestação é considerada uma reação à fala do ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, que chamou o Congresso de "chantagista".
A revelação de que Bolsonaro havia compartilhado vídeo convocando para as manifestações gerou atrito com outros poderes.
Reação negativa da Câmara e Supremo Tribunal Federal
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), cobrou respeito à democracia e afirmou que criar tensão institucional não ajuda o país a evoluir. Ministros do Supremo Tribunal Federal também criticaram a ação do presidente.
Após as reações, Bolsonaro procurou parlamentares para afirmar que a crise foi causada por um mal-entendido, ressaltando que ele apoia as instituições democráticas.
O discurso do presidente neste sábado foi acompanhado de fala de Heleno. Bolsonaro afirmou que já levou "facada no pescoço dentro do meu gabinete por pessoas que não pensam no Brasil". O ministro, por sua vez, disse que o presidente tem encontrado resistência em sua atuação.
"Ele tem encontrado uma resistência muito grande porque a rede de corrupção que se criou neste país, que está sendo desbaratada por este governo, tem prejudicado planos espúrios de muita gente", disse.
Além de Heleno, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, também fez declarações à plateia sobre a questão energética do estado, o projeto de lei enviado em fevereiro ao Congresso que autoriza exploração mineral em terras indígenas, a crise na Venezuela e a Operação Acolhida.
Nenhuma autoridade local discursou no encontro, conforme o presidente já havia mencionado antes durante uma live na quinta (5).
Encontro com Trump
A passagem de Bolsonaro por Roraima durou aproximadamente uma hora e não fez parte da agenda oficial, mas uma parada técnica para reabastecer a aeronave presidencial a caminho da Flórida, onde deve se encontrar com Donald Trump para jantar em um resort de Mar-a-Lago, propriedade do mandatário americano. Ele ficará por quatro dias nos Estados Unidos.