O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou por 60 dias o inquérito que apura se houve interferência do presidente Jair Bolsonaro no comando da Polícia Federal.
A decisão, tomada ontem, ocorre um dias após Bolsonaro pedir ao ministro que os autos fossem enviados à PF para elaboração de relatório final.
Moraes, no entanto, entendeu que há diligências ainda a serem cumpridas no caso. No mês passado, ele consultou a Polícia sobre o estágio das investigações. No mesmo despacho, o ministro pediu ao procurador-geral da República, Augusto Aras, que se manifeste sobre a necessidade do depoimento do presidente. Bolsonaro comunicou na quinta-feira (26) ao STF, em ofício assinado pelo advogado-geral da União, José Levi do Amaral Júnior, que não vai depor no inquérito.
A palavra final sobre a realização da oitiva, no entanto, cabe a Moraes. Na condição de investigado, o presidente pode faltar ao compromisso caso o ministro determine que a PF marque o depoimento. O inquérito foi aberto no STF em abril, a pedido de Aras, para apurar as acusações do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro de que o presidente tentou interferir na autonomia da PF para proteger familiares e aliados.
Outros inquéritos
Moraes também é relator de outros dois inquéritos sensíveis ao bolsonarismo. Um diz respeito à apuração de atos antidemocráticos realizados por aliados do presidente da República, e outro investiga a existência de uma rede de disseminação de ataques e ameaças a ministros do STF na internet - esse caso também atinge correligionários do chefe do Executivo.