Jair Bolsonaro deixou de anunciar o futuro ministro da Saúde nesta semana. Ele tinha prometido isso na transmissão ao vivo na internet no dia 9. O presidente eleito só sinalizou que pode indicar o deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) - seria a 3ª Pasta para o Democratas, que chefiará a Casa Civil e a Agricultura.
O processo de escolha do futuro ministro da Saúde ocorre em meio à repercussão da decisão de Cuba de retirar seus profissionais do programa Mais Médicos, uma das vitrines de Dilma Rousseff (PT).
Nesta sexta, Bolsonaro voltou a defender mudanças no programa Mais Médicos. Os profissionais cubanos ocupam a maior parte das vagas do programa desde sua criação, em 2013, e são a única mão de obra disponível em cerca de 1.500 cidades. "Imaginou ficar longe dos seus filhos por um ano? É a situação de praticamente escravidão que estão sendo submetidos os médicos e as médicas cubanas no Brasil. Já imaginou confiscar 70% do seu salário?", indagou.
Cuba quer retirar todos os médicos cubanos do Brasil nos próximos 40 dias. Os primeiros grupos devem voltar já nos próximos dez dias. O Ministério da Saúde planeja lançar o edital com o mesmo número de vagas que serão abertas com a saída dos cubanos.
Os comentários de Bolsonaro contra a decisão de Havana agradaram ao governo americano de Donald Trump. "Que bom ver o presidente eleito Bolsonaro insistir em que os médicos cubanos no Brasil recebam seu justo salário ao invés de deixar que Cuba leve a maior parte para os cofres do regime", tuitou Kimberly Breier, a principal funcionária do Departamento de Estado para a América Latina.
A postura do presidente eleito em relação ao programa Mais Médicos coincide com atual política de esfriamento das relações diplomáticas entre Washington e Havana. Logo que assumiu a Casa Branca, Trump deixou um freio nos planos do antecessor, Barack Obama, de estreitar laços com a ilha socialista.
Na última semana, Bolsonaro anunciou, como prometido, o futuro chanceler. O embaixador Ernesto Araújo, um antipetista de carteirinha (ele mantém um blog em que demoniza o PT), foi escolhido para comandar o Itamaraty.
Nos EUA, a imprensa realçou a proximidade de Araújo com ideias defendidas por Trump. O canal televisivo Fox News lembrou que Araújo, como Trump, defende que políticas globalistas, ou multinacionais, têm prejudicado países do Ocidente. O jornal americano "The New York Times" afirmou que Araújo terá de contornar pequenas crises diplomáticas que já surgiram após a vitória de Bolsonaro, como o caso dos médicos cubanos.