Com risco de faltar oxigênio, prefeituras se reúnem com fornecedores amanhã (8); Estado tem estoque

Distribuidoras notificaram municípios para que se prepararem para uma "possível falta de oxigênio medicinal". Estoque para a rede estadual de saúde está garantido, aponta Sesa

Em meio à pressão da rápida escalada de casos e internações de Covid-19 sobre o sistema de saúde, a Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece) se reúne nesta segunda-feira (8) com empresas fornecedoras e fabricantes de oxigênio para mapear a situação das prefeituras e tratar do risco ao abastecimento de oxigênio hospitalar para os municípios. Também participam do encontro prefeitos, a Procuradoria-Geral de Justiça do Estado e a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa)

O presidente da Aprece e também prefeito de Chorozinho, Júnior Menezes (PDT), informou neste domingo (7) que várias cidades cearenses relataram enfrentar dificuldades para comprar o insumo. Na manhã de hoje, o prefeito de Redenção, Davi Benevides (PDT), também veio a público fazer o mesmo alerta. 

De acordo com Menezes, empresas distribuidoras têm enviados ofícios para as gestões municipais informando sobre a possibilidade de faltar oxigênio medicinal devido à alta na demanda, que chega a quadruplicar diariamente em algumas unidades hospitalares em relação ao que já vinha sendo atendido normalmente. 

"Nós temos sido contactados por alguns colegas relatando essa dificuldade, que empresas que fornecem o oxigênio têm enviado ofícios dizendo para se prepararem, porque estão com dificuldades para atender a demanda", afirmou. 

Segundo ele, muitos municípios não têm estoque de oxigênio e precisam de reposição diária ou a cada dois dias. "Os municípios não têm estoque (de oxigênio). Tem municípios que estão tendo reposição diária, outros com dois dias. E nós nos preocupamos com esses ofícios (com a possibilidade de faltar oxigênio)", acrescentou. 

Rede estadual tem estoque, garante Sesa

A situação não inclui, entretanto, a rede estadual de saúde. A Sesa informou por nota que fez um planejamento para estocar oxigênio para a rede de hospitais do Estado e que provocou todos os prefeitos cearenses, secretários municipais a fazerem um planejamento, como forma de "garantir o abastecimento de suas unidades de saúde, cujas responsabilidades estão relacionadas aos gestores ou ao próprio município". 

O órgão ressaltou ainda que está disposto a ajudar os municípios, inclusive com "empréstimos, transferências de pacientes e ajustes na condução terapêutica para garantir o completo e adequado tratamento"

Segundo a Sesa, o planejamento para suprimento de oxigênio tem como base de cálculo números cinco vezes maiores que a demanda máxima do pico da pandemia de Covid-19 do ano passado, considerando manutenção do abastecimento por 90 dias.

"O Governo do Ceará fez tudo com planejamento e tem estrutura para dar suporte garantido em suas unidades de saúde, mesmo que haja aumento vultuoso da demanda do insumo".

Dificuldade na aquisição de oxigênio

As empresas C.A. Lima Serviços LTDA, localizada em Jaguaribe, e a A&G Gases, situada em Fortaleza, são algumas das que enviaram ofícios de alerta para prefeituras cearenses. Elas são responsáveis por adquirir os insumos e vender aos municípios. 

Nos ofícios, elas explicam que estariam tendo que recorrer a empresas localizadas em estados vizinhos, como Pernambuco e Paraíba, para adquirir o insumo, "pois fornecedores do Estado do Ceará estão com a sua capacidade de envase totalmente comprometida com o aumento do consumo e não suportam toda a demanda solicitada pelas distribuidoras de Gases Medicinais" 

O tempo para trazer oxigênio de outros estados demoraria entre três a quatro dias, conforme as distribuidoras. 

Fortaleza

A reportagem também procurou a Prefeitura de Fortaleza para saber se o abastecimento de oxigênio na Capital também corria riscos. Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que não tem contratos com as distribuidoras, apenas com a empresa White Martins, "que atua com reposição automatizada de O², garantindo insumo para as unidades hospitalares e pré-hospitalares".

"Ressaltamos que três Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) municipais possuem usinas de oxigênio, que produzem o insumo através de energia", acrescentou a nota.

A Capital concentra o maior número de pacientes com Covid-19 internados em unidades hospitalares, tanto na rede pública estadual, municipal e privada.