O vereador Carlos Mesquita (PMDB), foi eleito ontem presidente da Câmara Municipal de Fortaleza para o biênio 2003/2004. Mesquita foi candidato único e recebeu 27 votos. A oposição não apresentou candidato e se retirou do plenário em protesto pelo fato de o vereador José Maria Couto (sem partido) ter participado da articulação para o lançamento de uma chapa de oposição e posteriormente ter decidido apoiar a candidatura do líder do prefeito. A chapa de oposição teria o vereador Eurivá Matias (PMDB) como candidato, mas o próprio Eurivá desistiu para votar em Mesquita. O novo presidente toma posse no dia primeiro de janeiro em sessão solene às 15 horas.
Os pronunciamentos na sessão de ontem, antes do processo de votação, foram marcados por protestos e críticas ao vereador José Maria Couto, presidente da Câmara Municipal. Só o vereador Heitor Férrer (PDT), em parte defendeu a posição do presidente da Câmara ao criticar a posição do presidente regional do PMDB, deputado Eunício Oliveira. O processo de votação foi aberto.
O vereador José Maria Couto tentou evitar os pronunciamentos dos vereadores. “Não tem discussão de candidato a Presidente”, afirmou. A oposição reclamou citando o artigo 139 do Regimento Interno que estabelece que toda votação deve ser precedida de discussão. “Entro com um mandado de segurança para anular essa sessão”, ameaçou o vereador Paulo Mindêllo (PPS). Couto acabou estabelecendo cinco minutos para cada pronunciamento.
GOLPE DE MESTRE - Somente vereadores de oposição se pronunciaram e todos fazendo críticas ao vereador José Maria Couto. Sob o argumento de que o presidente estadual do PMDB, deputado federal Eunício Oliveira, teria imposto o vereador Dummar Ribeiro (PMN) para a presidência, Couto e seu grupo se articularam na noite do sábado para apoiar o vereador Carlos Mesquita (PMDB). O primeiro a falar foi o vereador Elpídio Nogueira (PPS) que levou um chapéu de palha para a tribuna. Ele disse estar tirando o chapéu para Couto que “deu um golpe de mestre em todo mundo”. Ele criticou o fato de Couto ter garantido na sexta-feira, inclusive em pronunciamento, que não votaria em um candidato indicado pelo prefeito Juraci Magalhães (PMDB).
O vereador Glauber Lacerda (PPS), que seria candidato a primeiro-secretário na chapa de oposição, classificou a eleição da Mesa como “as águas de março: É pau. É pedra. É o fim do caminho”. Segundo Lacerda, Couto chegou a lhe propor na noite do sábado o cargo de primeiro-secretário na chapa com o vereador Carlos Mesquita (PMDB). “No processo de eleição da Mesa se envolvem consciências, processos desleais e coisas que não se pode falar”, afirmou.
O vereador José Maria Pontes (PT), que seria o primeiro vice-presidente, disse se sentir “ utilizado por Vossa Excelência (o presidente da Câmara). Na quinta-feira estava fechada conosco e acreditamos nessa conversa”, criticou. Com a eleição de Mesquita, para ele, a Câmara Municipal se tornará uma secretaria da Prefeitura. “Fomos enganados. Estivemos sempre do seu lado ao contrário de quem está do seu lado, só por oportunismo”, criticou. Ele também reclamou do vereador Eurivá Matias (PMDB) ter desistido da disputa somente às 20h. do domingo. “Fiquei chocado pela falta de consideração, mas nosso objetivo não é está perto do poder, nem de cargos”, afirmou. A vereadora Luizianne Lins (PT) afirmou que Couto era candidato de si mesmo e como não pôde ser candidato, apoiou Mesquita a quem é mais próximo.
CAIXÃO - O vereador Lula Morais (PCdoB) levou um caixão para a tribuna com várias palavras coladas como “palavra”, “esperança”, “honestidade”, “inocência”, entre outras. “Me sinto entristecido e com vergonha. Quando eu entrei para essa Casa eu ouvi que Vossa Excelência podia ter tudo de ruim, mas tinha palavra. Hoje se enterrou essa palavra”, afirmou.
O vereador Heitor Férrer (PDT) disse ter ficado na casa do vereador José Maria Couto até as 17 horas do sábado e avaliou que erros capitais tiraram da oposição a presidência da Mesa. “O vereador José Maria Couto era candidato dele mesmo, mas como não saiu a liminar todo o processo virou pó”, afirmou. Um dos erros foi o do deputado federal Eunício Oliveira (PMDB) em querer impor o nome do vereador Dummar Ribeiro (PMN).