Em meio à tensão política que já resultou na abertura de três Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) contra o prefeito de Juazeiro do Norte, em apenas quatro meses da nova gestão na cidade, Glêdson Bezerra (Podemos) realizou, nesta semana, fora da agenda oficial, o primeiro movimento de aproximação com vereadores durante almoço com dez parlamentares.
A intenção é ter dois terços da Câmara na base do governo até julho deste ano. O encontro foi de iniciativa de dois vereadores e ocorreu de forma reservada na terça-feira (5), em um restaurante que estava fechado, mas foi utilizado apenas para a reunião.
A aproximação deve ser uma nova fase entre Legislativo e Executivo no município. Duas CPIs foram abertas já na primeira sessão do ano, em 2 de fevereiro, e outra posteriormente. Desde então, o clima na Câmara foi de embate com a gestão estreante.
No âmbito das comissões, os vereadores investigam suspeita de nepotismo, fura-fila na vacinação contra a Covid-19 e contratos temporários supostamente irregulares.
O prefeito nega as acusações e argumenta que toma decisões importantes em consonância com o Ministério Público.
Durante o almoço, os membros da Casa Legislativa pediram ao prefeito que haja uma aproximação maior dos técnicos da prefeitura com os parlamentares. Também pleitearam melhor diálogo com os secretários para atender as solicitações feitas pela população.
Poderes independentes
Para Glêdson Bezerra, essa aproximação marca uma quebra de paradigma, visto que a relação com os vereadores “foi e está sendo de certo modo traumática por conta das circunstâncias”.
O prefeito diz ainda que vê com naturalidade a “efervescência” na Câmara. E espera que o Legislativo se mantenha “independente, forte e fiscalizador do começo ao fim”.
“Porém, nós não podemos esquecer da necessidade de harmonia entre os poderes, e se essa harmonia existir combinada a esses três elementos que acabo de pontuar, a sociedade e a população juazeirense vão ganhar com isso”, diz, ainda, o prefeito.
Revanchismo
Presente na reunião, o presidente do Podemos no Ceará, Fernando Torres, diz que o pleito dos vereadores é legítimo, e que o prefeito já começou a encontrar pessoalmente cada um para escutar as demandas e, com isso, aumentar a base de apoio na Câmara.
“Dos 21 vereadores, hoje nós temos sete na base do governo, mas até semana que vem devemos ampliar para 12 e até julho, 14 parlamentares”, informa o presidente da sigla.
Ainda segundo Fernando, a expectativa da gestão era de forte embate na Câmara, “mas a gente achava que haveria um bom senso na Câmara, devido a situação financeira que o prefeito recebeu o município [...] tenho uma nítida sensação de revanchismo e isso é muito ruim para a população.
Dos 21 assentos na Câmara Municipal de Juazeiro, apenas dois foram preenchidos com aliados de primeira ordem da gestão Glêdson. Rafael Cearense (Podemos) e Cicinho Cabeleireiro (PSD) foram os únicos a compor a base inicialmente.
Almoçaram com o prefeito os vereadores Rafael Cearense (Podemos), da base, e os demais parlamentares considerados independentes Jacqueline Gouveia (Republicanos); Márcio Joias (PTB); Rosane (Cidadania); Cicinho Cabeleireiro (PSD); Beto Primo (PSDB); Davi Araújo (PTB); Fábio do Gás (Rede); Bilinha (PMM) e Lunga (PSB).